Arrecadação acelera em maio, mas déficit das contas públicas também volta a subir, projeta banco

BTG prevê aumento de 11% na arrecadação do governo; Tesouro vê dados como positivos, apesar do impacto das medidas de ajuda ao Rio Grande do Sul

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Foto do author Alvaro Gribel
Atualização:

BRASÍLIA - A arrecadação do governo federal teve crescimento de 11% em maio em relação ao mesmo mês de 2023, já descontada a inflação, segundo estimativa do banco BTG. O número, calculado com base o portal do Orçamento Siga Brasil, acelerou em relação a abril, que teve alta de 8,3%, também na mesma base de comparação. No Tesouro, a avaliação de técnicos é de que o resultado no mês foi positivo, apesar do adiamento do pagamento de impostos por empresas do Rio Grande do Sul.

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Ainda assim, o déficit esperado para o mês será de R$ 58,1 bilhões pelas contas do banco, acima dos R$ 38,5 projetados pelo relatório Prisma Fiscal, do mercado financeiro. Em ajuda direta ao RS, houve pagamento de R$ 6,7 bilhões em créditos extraordinários, com mais R$ 9,4 bilhões gastos com emendas parlamentares e forte aumento de despesas com a previdência.

“Revisamos nossa projeção de despesas previdenciárias (excluindo precatórios) para R$ 915 bilhões, contra uma projeção do governo de R$ 897,2 bilhões”, diz o BTG.

 Foto: Fábio Motta/Estadão

Segundo relatório, assinado pelo economista Fábio Serrano, a arrecadação chegou a R$ 203,8 bilhões em maio e, em 2024, acumula R$ 1,09 trilhão, com aumento de 8,8% em termos reais (descontada a inflação) sobre os cinco primeiros meses do ano passado.

“O destaque deste mês foi a arrecadação de IRPF, que totalizou R$ 23 bilhões, equivalente a um crescimento real de 45%. A rubrica é sazonalmente forte em maio, por conta da Declaração de Ajuste Anual, mas nesse ano contou com a taxação dos estoques dos fundos offshore”, disse o banco.

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A estimativa é de que a taxação dos fundos offshore (no exterior) tenha chegado a R$ 7 bilhões no mês, acima do estimado pelo governo no último relatório Bimestral de Receitas e Despesas, de R$ 5,35 bilhões, mas abaixo do projetado pelo banco.

“Parte dessa frustração foi compensada pelo pagamento de R$ 17,4 bilhões em dividendos, R$ 3,5 bilhões acima da nossa expectativa”, diz o banco.

O governo conta com o aumento da arrecadação este ano para tentar cumprir a meta de zerar o déficit das contas públicas. Apesar dos bons números, a estimativa do banco é de que haverá um déficit de 0,6% do PIB em 2024, o que corresponde a um saldo negativo de R$ 67 bilhões.

Para o ano que vem, o BTG projeta um cenário ainda mais adverso, com um déficit maior, de 0,7% do PIB, ou R$ 89 bilhões. Em abril, o governo reduziu as metas de 2025 e 2026. Para o ano que vem, a meta caiu de 0,5% do PIB para zero novamente.

A maior parte do socorro ao Rio Grande do Sul deve aparecer somente na arrecadação de junho, que tem como fato gerador o mês de maio (as chuvas começaram no dia 27 de abril). Ainda assim, houve o chamado “diferimento”, ou adiamento, do pagamento de impostos pelas empresas do estado.

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“O impacto das enchentes no Rio Grande do Sul na arrecadação federal só será sentido em junho. Mas em maio já houve o diferimento de R$ 1,6 bilhão em tributos federais e Simples Nacional. Sem o diferimento, a arrecadação teria crescido 11,8% a/a no mês, já descontada a inflação”, disse o banco.

No Tesouro, a avaliação é de que sem os impactos do Rio Grande do Sul os números seriam “ainda melhores” e de acordo com o previsto inicialmente pela pasta para o mês.

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