Ata do Fed leva mercado a considerar corte maior do juro nos EUA em setembro

Aposta de redução de 25 pontos-base ainda é majoritária, mas cresce a probabilidade de uma queda de 50 pontos-base pelo banco central americano

PUBLICIDADE

Publicidade

A ata do mais recente encontro de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) , de 30 e 31 de julho, divulgada pelo Federal Reserve (Fed) — o banco central americano — nesta quarta-feira, 21, revelou que, para a “vasta maioria” dos membros da instituição, provavelmente será apropriado cortar o juro nos Estados Unidos em setembro. A probabilidade de queda de 50 pontos-base (0,5 ponto porcentual) no mês que vem cresceu, mas a de 25 pontos (0,25 ponto porcentual) ainda é majoritária, de acordo com dados da plataforma de monitoramento do CME Group.

PUBLICIDADE

Como resposta à ata do Fed e a revisões em baixa de dados do mercado de trabalho nos EUA, os mercados acionários de Nova York fecharam em alta contida nesta quarta-feira, um dia após o S&P 500 e o Nasdaq encerrarem uma sequência de oito ganhos consecutivos. O índice Dow Jones subiu 0,14%, aos 40890,49 pontos, o S&P 500 0,42%, aos 5620,85 pontos e o Nasdaq fechou em alta de 0,57%, aos 17918,99 pontos.

Os membros do Fed observaram que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA foi sólido no primeiro semestre do ano, embora mais lento do que o ritmo robusto visto no segundo semestre do ano passado. A ata citou que as compras finais domésticas do setor privado (PDFP, na sigla em inglês), que geralmente dão um sinal melhor do que o do PIB, também moderaram no primeiro semestre, mas menos do que o crescimento do PIB, segundo o documento. Os participantes também observaram que as expectativas de inflação de longo prazo permaneciam bem ancoradas (alinhadas à meta), embora adotassem cautela sobre o controle do índice.

Para o fim do ano, aumentou a chance de um recuo acumulado de 125 pontos (1,25 ponto porcentual), embora a possibilidade de retração de 100 pontos (1 ponto porcentual) ainda prevaleça.

Publicidade

Conforme a ata da reunião mais recente do Fed, a maioria considerou dados de inflação 'encorajadores', mas viam necessidade de cautela no controle do índice Foto: Patrick Semansky/AP

Controle da inflação

De acordo com a ata, o PDFP se expandiu em um ritmo sólido, apoiado pelo crescimento dos gastos do consumidor e do investimento fixo pelas empresas. Os participantes da reunião viram a moderação no crescimento da atividade econômica como amplamente alinhada com o que já vinha sendo previsto, diz o documento.

Em relação à dinâmica de preços, quase todos os dirigentes disseram que dados de inflação eram encorajadores. A ata, entretanto, pontua que quase todos os dirigentes viam necessidade de mais confiança no processo de queda da inflação.

Os integrantes do Fomc ponderaram que riscos à meta de emprego aumentaram. Alguns dirigentes viam um risco de que o enfraquecimento do emprego se torne deterioração. O documento cita ainda que muitos dirigentes notam que cortar juro cedo ou tarde demais pode reverter progressos.

Muitos dos membros do Fed observaram que os ganhos de empregos relatados no relatório chamado payroll (“folha de pagamento”) podem ter sido exagerados. Vários integrantes avaliaram que o incremento das vagas criadas pode ser menor do que o necessário para manter a taxa de desemprego constante com uma taxa de participação da força de trabalho estável.

Publicidade

Os participantes observaram que outros indicadores também apontavam para uma flexibilização nas condições do mercado de trabalho, incluindo uma menor taxa de contratação e uma tendência de queda nas vagas de emprego desde o início do ano.

Em relação à perspectiva de inflação, os participantes do encontro do Fed julgaram que dados recentes aumentaram a confiança de que a inflação estava se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2%.

“Quase todos os participantes observaram que os fatores que contribuíram para a desinflação recente, provavelmente, continuariam a exercer pressão para baixo sobre a inflação nos próximos meses. Esses fatores incluíam um declínio contínuo do poder de precificação, crescimento econômico moderado e diminuição do excesso de poupança familiar acumulado durante a pandemia”, relata o documento.

“Muitos participantes notaram que a moderação do crescimento dos custos trabalhistas à medida que as condições do mercado de trabalho se reequilibravam continuaria a contribuir para a desinflação, particularmente, dos preços dos principais serviços” não relacionados à habitação.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.