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Atividade econômica, além do agronegócio, tem apresentado surpresas positivas, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central afirmou que várias instituições estão revisando projeções do PIB e também da taxa de desemprego para o fim do ano

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou há pouco que mesmo sem o efeito da agricultura, a atividade tem apresentado surpresas positivas na questão do crescimento.

Campos Neto disse que tem visto casas revisando suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) para cima, e que já observa projeções de desemprego abaixo de 8,0% no fim do ano, ante taxas de 9,5% há cerca de três meses. As reformas feitas nos últimos anos, para o presidente do BC, explicam parte desse cenário.

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Durante evento do Warren Institutional Day, em São Paulo, ele também falou sobre a evolução da taxa Selic. Ele defendeu que as quedas mais sustentáveis no tempo de Selic são as que ocorrem após haver uma melhora das condições financeiras. O presidente do BC citou que esse foi o caso do início dos cortes da Selic feito em agosto. “O BC esperou as condições financeiras começarem a cair. Vimos uma piora na margem, mas um pouco disso é global.”

As taxas de juros futuras, emendou, também começaram a cair antes da Selic, o que proporciona uma queda mais sustentável, argumentou. Campos Neto ponderou que houve um repique na ponta, em parte pelo cenário global e em parte como retorno dos questionamentos sobre a credibilidade fiscal do País.

Campos Neto será o presidente do Banco Central até o fim de 2024 Foto: André Dusek / Estadão

Campos Neto defendeu que esse ciclo de juros no Brasil está bem coordenado com a maior parte dos países, mas que nem sempre foi assim. Sobre o nível dos juros reais hoje, o presidente do BC admitiu que eles são altos, mas ponderou que proporcionalmente são menores do que já foram na média dos períodos passados. A diferença em relação ao praticado em outros países também diminuiu, disse.

“Grande parte dos países como forma de enfrentamento à pandemia teve de subir juros muito mais proporcionalmente do que o Brasil teve”, afirmou. Boa parte desses países, ainda segundo Campos Neto, está com um pouso da economia menos suave do que o brasileiro.

Ao listar os motivos que ajudam a explicar o nível do juro real no País, o presidente do BC disse que a recuperação do crédito está no centro do debate. “Poucos países têm uma recuperação de crédito pior que o Brasil, é algo dramático”, disse Campos Neto, que atribui o problema, em parte, a ser um processo judicial demorado.

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A dívida maior e a taxa de poupança baixa também foram citados como razões para o juro real elevado no Brasil, assim como o crédito direcionado. “Se quisermos viver com uma taxa de juros mais baixa por um tempo maior, temos de priorizar o que de fato é importante em termos de direcionamento.”

Arcabouço fiscal

O crescimento de gastos real do Brasil previsto pelo FMI para entre 2023 e 2028, mesmo com o novo arcabouço fiscal, é mais alto do que a previsão para os demais emergentes, disse Campos Neto.

Para ele, parte desse cenário é resultado de um problema estrutural, que não é deste governo: embora o País tenha feito uma reforma da previdência, parte das medidas foi anulada.

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Campos Neto afirmou que, tendo em vista que o crescimento de gastos reais no Brasil é alto, é preciso que o País cresça mais ou aumente arrecadação de forma mais constante, “o que é difícil com a carga tributária do Brasil de acreditar que vai acontecer de forma sustentável.”

O presidente do BC citou novamente a questão da desancoragem gêmea, entre inflação e fiscal, e a atrelou parcialmente à necessidade de receita para obter o resultado primário almejado pelo governo. Ele também reiterou que reconhece o esforço que o governo tem feito para obter receitas, mas que há uma preocupação com uma possível erosão de base de imposto a depender da sustentabilidade das medidas consolidadas.