Autonomia foi grande ganho do BC, mas não terminou, diz Campos Neto

Medida deverá ficar nas mãos do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que já assume o posto interinamente neste sábado, 21, e definitivamente em 1º de janeiro

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Foto do author Célia Froufe
Foto do author Cícero Cotrim
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, citou a conquista da autonomia institucional como uma das principais mudanças na instituição durante a sua gestão, iniciada em 2019. Em uma live de despedida no canal da autarquia, nesta sexta-feira, 20, o chefe do órgão responsável pela política monetária do País disse que esse processo representou um ganho institucional, mas ainda não está terminado.

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“Acho que coloca a instituição à frente das pessoas, à frente da ideologia, à frente dos governos, à frente do tempo político, com um tempo diferente do tempo político, com um tempo institucional mais adequado às características necessárias para o cumprimento das nossas missões”, disse o presidente do BC, acrescentando que o valor da autonomia foi demonstrado durante a transição no comando da autarquia.

A autonomia operacional do BC foi uma bandeira da gestão de Campos Neto, que tomou para si a tarefa de articular com parlamentares a aprovação da medida. Mesmo assim, o banqueiro central não conseguiu avançar na autonomia financeira. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema está parada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).

Gabriel Galípolo assume o posto de Campos Neto neste sábado, 21, com o recesso do atual presidente, cujo mandato se encerra em 31 de dezembro Foto: Wilton Junior/Estadão

Essa medida deverá ficar nas mãos do futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, que já assume a chefia da autarquia interinamente a partir deste sábado, 21, e definitivamente em 1º de janeiro.

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O mandato de Campos Neto só termina em 31 de dezembro, mas o banqueiro central anunciou na quinta-feira que entrará em recesso.

‘Não posso dizer que foram 6 anos calmos’

Campos Neto disse que os quase seis anos da sua gestão à frente da autarquia foram marcados por vários desafios na condução da política monetária.

“Eu não posso dizer que os últimos seis anos foram calmos — na verdade, eu acho que, se pensarmos todos os tipos de problemas que poderiam ter dado, eu sempre digo que estamos com um álbum de figurinha completo”, disse o banqueiro central, citando, além da pandemia, a tragédia de Brumadinho e a crise na Argentina.

Campos Neto recordou que foi o primeiro membro do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a alertar sobre os impactos da pandemia na economia, devido a conversas com outros BCs. Também lembrou que a autoridade monetária brasileira foi elogiada por ter reagido rapidamente às mudanças, injetando liquidez no mercado na eclosão da covid-19 e, depois, elevando os juros rapidamente para combater o repique da inflação.

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“O Brasil passou muito bem pela pandemia, muito melhor do que vários países, com crédito crescendo dois dígitos durante toda a pandemia”, afirmou Campos Neto. “E, em algum momento, também eu acho que o Banco Central do Brasil enxergou o problema um pouco antes dos outros, ou seja, foi muito capaz de prever o que vinha acontecendo, que era todo esse avalanche de medidas tanto fiscais, quanto monetárias, de enfrentamento à pandemia teriam resultado inflacionário.”

Campos Neto ainda defendeu, na live, que o BC tenha um “olhar” para o quadro de funcionários e aprofundar a agenda de qualificação. Entre as principais mudanças do seu mandato, Campos Neto também citou o ganho de reconhecimento da sociedade, devido à implementação de produtos como o Pix. Mencionou também a cultura de inovação no BC.

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