Bacia de Santos: petroleira Enauta fará investimento de US$ 220 milhões em 3 novos poços

Objetivo da companhia é chegar a uma produção de 20 mil barris de óleo equivalente por dia já no início de 2023

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RIO – A petroleira Enauta vai investir US$ 220 milhões (R$ 1,15 bilhão) para perfurar três novos poços na Bacia de Santos dentro dos próximos sete meses. Os três poços serão no campo de Atlanta, principal ativo da companhia, a 120 quilômetros da costa do Rio de Janeiro e a 1,5 mil metros de profundidade.

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O objetivo é aumentar a produção da Enauta e alcançar capacidade de 20 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/d) no início de 2023. No médio prazo, a companhia planeja instalar o sistema de produção definitivo de Atlanta, um novo navio-plataforma (FPSO) vindo dos Emirados Árabes Unidos, que tem capacidade de processamento de até 50 mil barris por dia – esse volume que equivale a cinco vezes a produção registrada em setembro.

Chefiada pelo ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP) Décio Oddone, a Enauta surgiu em junho de 2010 e hoje é uma das principais petroleiras independentes do País, com dois ativos em produção (Atlanta e Manati, campo de gás na Bahia) e duas dezenas de concessões espalhadas por toda a costa brasileira.

Segundo Oddone, os focos da Enauta no momento são reforçar a produção em Atlanta e diversificar ativos produtivos, o que passa por novas aquisições no mar ou em terra, e contratação de tecnologia nova para desenvolver Oliva, outro campo na Bacia de Santos que já pertence à companhia. No segundo trimestre do ano, Atlanta respondeu por 82,8% da receita total da da Enauta no período (R$ 721,8 milhões) e seguirá como protagonista da operação nos próximos anos.

Presidente da Enauta e ex-diretor geral da ANP, Décio Oddone, acredita que empresa precisa diversificar ativos  Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A campanha começa na primeira semana de novembro. O primeiro dos poços a serem perfurados ainda será conectado ao navio-plataforma (FPSO) provisório Petrojarl I. Em atividade desde 2018, esse FPSO é alimentado pela produção de três poços. O novo poço, o quarto de Atlanta, vai substituir um dos três poços que já estão em produção, a ser temporariamente fechado.

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Essa primeira perfuração vai levar 80 dias e, a movimentação das tubulações no fundo do mar, outros 30 dias. O investimento dessa primeira parte da campanha é de US$ 75 milhões, sendo a maioria, US$ 60 milhões, para a perfuração, completação (arremate e preparação) e interligação ao navio. A maior parte desse montante será consumida na contratação da sonda Alpha Star, da Constellation, antiga Queiroz Galvão Óleo e Gás.

Os outros dois poços, a serem perfurados em 2023, serão os primeiros do sistema definitivo, ligados diretamente ao novo FPSO Atlanta, que virá dos Emirados Árabes no fim do ano que vem e tem operação prevista para 2024. Ao novo navio, maior, com 310 metros de comprimento, serão interligados todos os poços de Atlanta. Com esses seis poços, a Enauta terá uma capacidade de produção de até 50 mil barris por dia. A duas perfurações que completam a campanha serão feitas pela mesma sonda, sob investimento similar (US$ 75 milhões) e prazo estimado de 75 dias cada.

A briga contra o coral-sol

A sonda Alpha Star é “semi-submersível de posicionamento dinâmico”, ou seja, capaz de mergulhar parte do casco e manter posição graças a um sistema de GPS e hélices submarinas instaladas em suas quatro bases. O equipamento, que se assemelha a uma plataforma menor, está estacionado na Baía de Guanabara (RJ) para reparos e limpeza do casco, com retirada do coral-sol por mergulhadores.

Nativo do Oceano Pacífico, o coral-sol foi identificado no Brasil nos anos 1980. A suspeita é que a praga chegou à costa brasileira por meio da água de lastro de navios estrangeiros. Plataformas de óleo e gás são apontadas como vetores de proliferação do coral-sol e, por isso, sua retirada é uma exigência regulatória prévia às atividades do setor.

O critério de escolha do poço a ser substituído foi o volume de água extraída junto ao óleo, o que reduz a produtividade da operação. O diretor de produção da Enauta, Carlos Mastrangelo, diz que Atlanta possui um aquífero em sua estrutura que exerce pressão contínua sobre o óleo e facilita sua produção, embora resulte, também, na produção de muita água associada. O poço ativo que será desconectado, disse ele, ficará temporariamente fechado, para voltar a produzir à frente, no sistema definitivo de produção.

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Só com o sistema antecipado, a Enauta já chegou a produzir 30 mil barris de óleo equivalente por dia, o que caiu com o declínio dos poços hoje ativos. No médio e no longo prazo, a fim de manter o nível de produção, o plano é perfurar outros quatro poços no campo de Atlanta. Como o FPSO de mesmo nome aceita até oito conexões, dois desses poços futuros compartilharão tubulações. A produção no Campo de Atlanta teve início em 2018 e, em setembro de 2022, contabilizou um total de mais de 22 milhões de barris produzidos.

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