BRASÍLIA - A balança comercial brasileira registrou um saldo positivo de US$ 8,155 bilhões em março, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
O resultado, o maior valor para o mês da série histórica, representa um aumento de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O superávit foi alcançado com exportações de US$ 29,178 bilhões e importações de US$ 21,023 bilhões.
O número divulgado nesta sexta-feira, referente a março, não foi impactado pelas tarifas recíprocas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira, 2, a diversos países. O Brasil foi contemplado com a menor alíquota, de 10%.
Já o aço bruto, que foi tarifado em 25% por Donald Trump a partir de 12 de março, registrou crescimento nas vendas aos Estados Unidos em 23,9% (leia mais abaixo).

Exportações
Em março, as exportações registraram alta de 5,5% na comparação com o mesmo período em 2024, devido a crescimento de US$ 1,13 bilhão (16%) em Agropecuária; queda de US$ 0,99 bilhão (-15,3%) em Indústria Extrativa e avanço de US$ 1,4 bilhão (10,1%) em produtos da Indústria de Transformação.
O diretor de Planejamento e Inteligência Comercial do MDIC, Herlon Brandão, pontuou que os embarques para China voltaram a crescer em março com a maior exportação da soja. O volume de soja vendida cresceu 16,5% no mês, com alta de 7% no valor.
As exportações de café aumentaram 92,7% no mês, com alta de 83,2% nos preços. Já a exportação de petróleo teve queda de 20,3%, e o minério de ferro caiu 16,5%%. No caso da carne bovina, os embarques aumentaram 40,1%.
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Exportação de aço para os EUA cresce 23,9%
A queda de 13,3% nas exportações brasileiras para os Estados Unidos em março foi influenciada pela redução nas vendas de óleos de petróleo (-90%), de instalações de equipamentos de engenharia (-21,7%), e de aeronaves e outros equipamentos (-62%), informou o MDIC. Já o aço bruto, que foi tarifado em 25% por Donald Trump a partir de 12 de março, registrou crescimento nas vendas aos Estados Unidos em 23,9%.
Brandão pontuou que o aumento pode estar relacionado com eventuais antecipações de embarques que tentaram evitar a tarifa mais alta. A pasta, no entanto, não pode confirmar essa relação de causa-efeito.
“Talvez o próprio setor possa responder, não podemos afirmar que é causa-efeito, mas é um comportamento que se observa no comércio internacional”, disse o técnico, ponderando também que os dados de aço e alumínio seguem a regra do embarque antecipado, ou seja, primeiro as empresas embarcam, e depois declaram o que foi exportado.
Importações
As importações tiveram aumento de 2,6% em março ante o mesmo mês do ano passado, com aumento de US$ 0,11 bilhão (22,8%) em Agropecuária, queda de US$ 0,47 bilhão (-33,0%) em Indústria Extrativa e alta de US$ 0,88 bilhão (4,8%) em produtos da Indústria de Transformação.
Houve uma pequena queda, de 1,2%, nos bens de consumo. A queda maior nas compras foi registrada em combustíveis, com recuo de 26,9%.
A importação de veículos automóveis de passageiros caiu 38,5%, o que influenciou nas compras feitas da Argentina, que caíram 17,5% no mês, destacou Brandão.
Projeção para 2025
O MDIC projetou que a balança comercial vai fechar 2025 com superávit de US$ 70,2 bilhões, 5,4% abaixo do registrado no ano passado. No início do ano, a pasta não cravou uma expectativa para o saldo deste ano; tinha apenas apontado que a balança poderia ficar com saldo positivo de US$ 60 bilhões a US$ 80 bilhões. No ano passado, o saldo comercial foi de US$ 74,2 bilhões.
Agora, a pasta espera que as exportações somem US$ 353,1 bilhões neste ano - número 4,8% maior em relação a 2024. A projeção do início do ano era de que as exportações somassem de US$ 320 bilhões a US$ 360 bilhões em 2025. No ano passado, o valor foi de US$ 337 bilhões.
Nas importações, a expectativa é de US$ 282,9 bilhões, um avanço de 7,6% na comparação com o valor importado no ano passado, de US$ 262,9 bilhões. Na projeção do início do ano, o Mdic disse que esperava importações entre US$ 260 bilhões a US$ 280 bilhões.
Já para a corrente de comércio a previsão para 2025 é de US$ 636,1 bilhões, contra US$ 599,9 bilhões, um avanço de 6%. Em janeiro, a expectativa é de que esse dado ficasse entre US$ 580 bilhões e US$ 640 bilhões.