BRASÍLIA – A bancada do PT na Câmara se reuniu nesta segunda-feira, 31, para planejar sua atuação no segundo semestre e, às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, defendeu uma redução “significativa” da taxa básica de juros, a Selic. Os correligionários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também reforçaram a posição favorável aos decretos que limitam o acesso a armas de fogo no País.
O encontro ocorreu um dia antes de o Congresso retomar os trabalhos, após o recesso parlamentar. Os debates foram conduzidos pelo líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), com a presença da presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann (PR), e do líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE). A reunião do Copom, que definirá o nível da Selic, começa amanhã. A decisão sobre os juros sairá na quarta-feira, 2.
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“Em relação aos juros, com a taxa real mais alta do planeta, a bancada entende que não há justificativa técnica para mantê-la no atual patamar, que beneficia tão somente especuladores do mercado financeiro, inclusive estrangeiros, drenando recursos públicos que poderiam ser utilizados para financiar o desenvolvimento nacional, a geração de empregos e a ampliação do financiamento de políticas públicas”, diz nota divulgada pela bancada petista, que chama de “abusiva” a condução da política monetária pelo Banco Central.
No primeiro semestre, Gleisi e figuras importantes do PT, incluindo o próprio Lula, fizeram uma ofensiva pela redução dos juros, com críticas públicas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado para o cargo no governo de Jair Bolsonaro, quando foi aprovada a autonomia da instituição. “A taxa Selic deve ser compatível com a realidade nacional, com a queda na inflação, devendo ser reduzida de forma significativa em benefício de toda a sociedade brasileira”, defendeu hoje a bancada do PT.
A Selic está atualmente em 13,75% ao ano. A expectativa no mercado é que o BC inicie nesta semana o ciclo de corte nos juros, mas há dúvida sobre qual será a magnitude da redução. Alguns analistas esperam uma queda de 0,25 ponto porcentual, outros projetam corte de 0,50 ponto. A reunião marcará a estreia de Gabriel Galípolo, que deixou a equipe econômica do governo para ser diretor de Política Monetária do BC, e de Ailton Aquino, que assumiu a Diretoria de Fiscalização.
Os deputados petistas reafirmaram que são a favor dos decretos editados por Lula para restringir o acesso a armas, após a oposição se mobilizar no Congresso para derrubar as medidas tomadas pelo presidente. A flexibilização do Estatuto do Desarmamento foi uma política adotada durante o governo Bolsonaro, que também estimulou o aumento dos clubes de Colecionadores, Atiradores Esportivos e Caçadores (CACs). Os decretos do governo petista limitam o uso de calibres como o das pistolas 9mm e passam do Exército para a Polícia Federal (PF) o controle dos equipamentos dos CACs.
“A proliferação de Clubes de Colecionadores, Atiradores Esportivos e Caçadores (CACs) impactou de forma significativa a sociedade brasileira nos últimos anos, aumentando e banalizando a violência no País. Escolas e creches foram alvos de criminosos estimulados por ações nas redes sociais e pelo acesso facilitado às armas. Os CACs tornaram-se redutos de incitação à violência e desrespeito à democracia. Está evidente que a ampliação da circulação de armas no País impactou diretamente nos índices de feminicídios, conflitos armados no trânsito e ataques às escolas”, afirma o PT na nota divulgada hoje.
A bancada petista ainda repudiou o que considera violência política de gênero, após as deputadas do partido Erika Kokay (DF) e Juliana Cardoso (SP), além de quatro parlamentares do PSOL, terem sido acionadas no Conselho de Ética da Câmara com acusações de quebra de decoro parlamentar. “Não aceitaremos movimentos de perseguição e intimidação como o que está ocorrendo neste momento na Câmara dos Deputados, com processos no Conselho de Ética em retaliação aos discursos de seis parlamentares mulheres”, diz o PT.
As deputadas de esquerda foram acionadas no Conselho de Ética pelo PL por supostamente terem ofendido parlamentares como Zé Trovão (PL-SC), no dia 24 de maio. Na ocasião, era votado no plenário um requerimento de urgência para a tramitação do projeto de lei do Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas, que foi posteriormente aprovado pela Câmara e enviado ao Senado. “Assassinos do nosso povo indígena”, disseram as deputadas.
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