A transversalidade das mudanças climáticas também bate à porta das instituições financeiras. No caso do Banco BV, dentro dessa abordagem pró-sustentabilidade, o risco climático é um dos itens que merece mais atenção. De acordo com o Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas (GRSAC) publicado no ano passado pela instituição, iniciativas abrangentes para mitigar os impactos ambientais e garantir que as operações estejam alinhadas com práticas sustentáveis estão cada vez mais presentes no dia a dia das tomadas de decisão.
A sustentabilidade no BV começou há mais de 10 anos. O banco, com 32 anos de existência, tem como sócios Banco do Brasil (reconhecido internacionalmente como uma instituição sustentável) e Votorantim SA (com amplo histórico em sustentabilidade). Em 2012, ocorreu a criação de processo de análise de empresas e definição de listas de atividades proibidas. No ano seguinte, 2013, foi a vez da integração entre as restrições internas estabelecidas pelo Banco BV com a “Lista Suja” do Trabalho Escravo (Ministério do Emprego). E assim sucessivamente. Ano a ano, inovações foram incorporadas ao sistema. Em 2020, por exemplo, ocorreu a emissão do primeiro green bond certificado pela Climate Bonds Initiative (CBI) atrelado à produção de financiamento de painéis solares e a adesão ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU).
“As instituições financeiras têm um papel importante na transição para uma economia de baixo carbono. Ao distribuírem operações no mercado de capitais ou financiarem projetos sustentáveis e de descarbonização, os bancos impulsionam o crescimento de uma economia verde e contribuem para um futuro mais sustentável”, afirma Renata Pinho, superintendente de Crédito Atacado do Banco BV.
Desde 2021, o Banco BV implementou o Rating ESG, uma classificação que pondera aspectos nas dimensões social, ambiental, climática, de governança corporativa e de governança em sustentabilidade, com o objetivo de identificar, avaliar e mensurar os riscos ESG incorridos pelo banco BV na relação comercial com clientes.
Em 2023, o banco realizou um estudo adicional usando a Régua Multissetorial de Sensibilidade ao Risco Climático, desenvolvida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), e as Estimativas Anuais de Emissões de Gases de Efeito Estufa, metodologia semelhante à utilizada pelo Banco Central do Brasil, com o objetivo de mensurar o risco climático, tanto de transição quanto físico, da carteira.
Transição energética justa
O processo de transição energética justa também foi destacado como uma grande oportunidade para o setor financeiro. A demanda por investimentos em energias renováveis, como solar e eólica, e por soluções financeiras sustentáveis, como green bonds/loans e sustainability-linked bonds/loans, está em crescimento, beneficiando projetos sustentáveis. Além disso, tecnologias limpas abrem caminho para startups e empresas inovadoras, criando uma nova onda de crescimento no mercado.
Outro ponto importante é a promoção da inclusão social e da equidade por meio da criação de postos de trabalho alinhados com a nova demanda por empregos e iniciativas de capacitação. Com o crescimento da agenda de sustentabilidade, a demanda por serviços de consultoria ESG tem aumentado. Muitas empresas estão buscando ajuda para se adaptar às exigências ambientais e sociais, o que representa uma oportunidade significativa de crescimento para o setor.
No banco BV, os serviços de consultoria para emissões ESG oferecem orientação para as empresas enquadrarem seus projetos ou metas relacionadas à temática à sua estrutura financeira seguindo os padrões dos principais standards do mercado, como International Capital Market Association (ICMA), Loan Markets Association (LMA), Climate Bonds Initiative (CBI), International Swaps and Derivatives Association (Isda) e International Finance Corporation (IFC), responsáveis pela criação de princípios que regem o mercado de finanças sustentáveis ao redor do mundo.
Esse conceito de finanças sustentáveis vai ganhando terreno. E, no caso do BV, é um processo que está se consolidando ao redor de quatro pilares fundamentais. A integração de critérios ESG em todas as decisões de investimento e operações do banco; a compensação de emissões de CO2 para buscar uma pegada ambiental mais equilibrada; o financiamento sustentável de projetos com impactos socioambientais positivos, como energias renováveis e inovação em tecnologias limpas; e a transparência, para garantir a divulgação de relatórios de sustentabilidade que sigam os padrões internacionais de responsabilidade.
Das cinco emissões rotuladas como verdes, sociais ou sustentáveis realizadas no mercado brasileiro este ano, segundo a base pública de operações ESG da ERM NINT, o BV já coordenou duas emissões rotuladas: um Blue Bond no valor de R$ 600 milhões e um Green Bond no valor de R$ 2 bilhões. A meta do banco é produzir e distribuir em ativos ESG o valor de R$ 80 bilhões até 2030.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.
Notícias em alta | Economia
Veja mais em economia