Banco Central dos EUA mantém taxas de juros inalteradas e reconhece persistência da inflação

Com decisão unânime, Fed Funds permanecem em 5,25% a 5,50% ao ano; taxas americanas em alta costumam drenar recursos de economias emergentes como a brasileira

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Atualização:

Como esperado pelo mercado financeiro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) manteve suas principais taxas de juros inalteradas pela sexta vez consecutiva. Com a decisão – que foi unânime –, a taxa dos Fed Funds permanecem em 5,25% a 5,50% ao ano.

Em comunicado divulgado na tarde desta quarta-feira, 1º, o Fomc afirma que a inflação diminuiu no último ano, mas permanecendo em patamar elevado. Destaca também que, nos últimos meses, “houve uma falta de progresso adicional em direção ao objetivo de inflação de 2%”.

Taxa de juros dos EUA são mantidas em mesmo patamar pela sexta vez consecutiva Foto: Paulo Vitor/Agência Estado

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“O comitê julga que os riscos para alcançar seus objetivos de emprego e inflação se movimentaram em direção a um melhor equilíbrio ao longo do último ano. A perspectiva econômica é incerta, e o comitê permanece altamente atento aos riscos inflacionários”, diz o comunicado.

A demora dos EUA para iniciarem um ciclo de corte nos juros decorre do fato de a economia do país ainda mostrar força, com um crescimento robusto e um mercado de trabalho aquecido. Esse cenário dificulta a missão do BC de levar a inflação para a meta.

Para o Brasil, esse adiamento pode ser negativo. Isso porque taxas mais altas nos EUA atraem investidores para o país e acabam drenando recursos de economias emergentes e com maior risco. As taxas americanas em alta também resultam em enfraquecimento do real diante do dólar.

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Ao manter juros mais uma vez na faixa entre 5,25% e 5,50%, o Fed reconheceu a recente persistência da inflação nos Estados Unidos com o diagnóstico de que “houve falta de mais progresso” em direção à estabilidade de preços nos últimos meses. Mas o presidente da instituição, Jerome Powell, indicou ser “improvável” que o próximo ajuste seja um aumento da taxa básica, ao mesmo tempo em que a autoridade monetária anunciou desaceleração do aperto quantitativo (QT, na sigla em inglês) mais agressiva do que o esperado.

O aparente contraste se traduziu em oscilações bruscas nos mercados internacionais. As bolsas de Nova York chegaram a subir mais de 1%, mas apagaram os ganhos na reta final e terminaram sem direção única. Os rendimentos dos Treasuries se afastaram das mínimas do dia, ainda que a curva futura tenha antecipado a aposta majoritária para o começo do afrouxamento monetário. Pelo monitoramento do CME Group, setembro voltou a ver mais de 50% de chance de ter juros abaixo do nível atual.

Ainda assim, a mensagem deixada pela comunicação do Fed diverge amplamente do posicionamento visto menos de dois meses atrás, quando o gráfico de pontos mostrava que a maioria dos dirigentes do BC americano previa três cortes de juros em 2024. Powell enfatizou que deve demorar mais tempo até que haja a confiança necessária para justificar um alívio monetário. “Estamos preparados para manter a meta atual da taxa dos Fed funds pelo tempo que for apropriado”, disse.

Powell acrescentou que a resistência dos preços poderia forçar a instituição a manter a postura atualmente em vigor, mas evitou descartar completamente a possibilidade de uma guinada para um relaxamento. Destacou que “há caminhos possíveis” tanto para cortes quanto para manutenção e reforçou que a política está bem posicionada para lidar com os riscos. Também citou uma deterioração significativa do mercado de trabalho como um fator que eventualmente levaria a um corte, embora tenha ponderado que um simples aumento do desemprego seria insuficiente.

Para o Commerzbank, o Fomc está mais cauteloso em relação aos próximos movimentos. Afinal, a inflação continuará sendo um problema difícil de ser solucionado enquanto a maior economia do planeta exibindo desempenho sólido, no entendimento do banco alemão. “Esperamos, portanto, o primeiro corte nos juros apenas em dezembro”, prevê.

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O Wells Fargo, por sua vez, avalia que o Fed busca ganhar tempo para entender a dimensão do recente revés inflacionário. A instituição financeira americana lembra que, ao longo das últimas semanas, dirigentes do BC americano mostraram que não têm pressa para baixar a taxa básica, sobretudo após as leituras do primeiro trimestre. Assim, para o banco americano, o primeiro corte só ocorrerá daqui três reuniões, em setembro.

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