Banco Mundial alerta para horizonte ‘sombrio’ e maior disparidade de renda em países pobres

Estudo aponta que um em cada três países da Associação Internacional de Desenvolvimento é hoje, em média, mais pobre do que era às vésperas da pandemia

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Foto do author Aline Bronzati

Os países mais pobres, que abrigam um quarto da população global - 1,9 bilhão de pessoas -, enfrentam uma realidade sombria à frente, alerta o Banco Mundial, em relatório publicado na segunda-feira, 15. Metade das 75 nações mais vulneráveis estão sofrendo, pela primeira vez neste século, um aumento da disparidade de renda em relação às economias mais ricas, conforme o organismo, com sede em Washington DC, nos Estados Unidos.

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“As perspectivas para os países mais vulneráveis do mundo são sombrias”, diz o Banco Mundial, no estudo ‘A grande reversão: Perspectivas, riscos e políticas nos países da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)’.

Esses países já enfrentavam desafios mais significativos antes mesmo da pandemia da covid-19, conforme o órgão multilateral. No entanto, agora, passam o que o Banco Mundial classificou como uma “reversão histórica”.

Entre países da AID, taxa de pobreza extrema é mais de oito vezes superior à média do restante do mundo: uma em cada quatro pessoas nesses países sobrevive com menos de US$ 2,15 por dia.  Foto: Goran Tomasevic/Reuters

Entre os anos 2020 e 2024, a renda média per capita em metade dos países da AID, a maior proporção alcançada neste século, têm crescido mais lentamente do que nas economias ricas. No ano, não chega a US$ 1.315 (R$ 6.903). Como resultado, a disparidade de renda entre os dois mundos segue aumentando nos últimos anos, alerta o Banco Mundial.

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O estudo aponta que um em cada três países da AID é hoje, em média, mais pobre do que era às vésperas da pandemia. Além disso, a taxa de pobreza extrema é mais de oito vezes superior à média do restante do mundo. Isso significa que uma em cada quatro pessoas nos países da AID sobrevive com menos de US$ 2,15 por dia.

Responsáveis por 90% da população que passa fome ou é subnutrida, metade desses países está em situação de superendividamento ou corre elevados riscos de chegar numa situação de crise. O Banco Mundial afirma ainda que credores públicos privados têm virado as costas para essas nações.

“O mundo não pode se dar ao luxo de virar as costas aos países da AID”, diz o economista-chefe e vice-presidente sênior do Grupo Banco Mundial, Indermit Gill, ao comentar o estudo. Ele cobra ajuda da comunidade internacional e lembra que três das atuais potências econômicas mundiais - China, Índia e Coreia do Sul - já foram mutuárias da AID.

O estudo do Banco Mundial mostra ainda que, embora o mundo enfrente o envelhecimento da sua população, os países mais pobres têm um “dividendo demográfico” em potencial, com uma parcela crescente de trabalhadores jovens até 2070.

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Outros pontos positivos são o elevado potencial de produção de energia solar e enormes reservas de minerais, consideradas cruciais para a transição para uma matriz mais limpa. “Os países da AID possuem recursos naturais substanciais. Representam cerca de 20% da produção mundial de estanho, cobre e ouro”, diz o estudo do Banco Mundial.

Em cerca de um terço dos países mais pobres do mundo, as médias diárias do potencial de energia fotovoltaica a longo prazo superam 4,5 quilowatts-hora por pico de quilowatts instalado (kWh/kWp). Em comparação, Brasil, China e Índia têm potencial de médio alcance, de 3,4 a 4,5 kWh/kWp, compara o organismo.

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