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Banco Mundial eleva para 2,8% projeção para o PIB do Brasil, mas alerta para custo de aposentadorias

‘O aumento nos gastos com previdência que o Brasil está vivenciando vai ser um problema e um impulsionador de estresse fiscal’, diz William Maloney, economista-chefe para a América Latina e o Caribe

Foto do author Aline Bronzati
Atualização:

NOVA YORK - O Banco Mundial fez nova melhora nas projeções de crescimento do Brasil, mas reforçou o alerta quanto à situação fiscal. O organismo, com sede em Washington, espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 2,8% este ano, acima da expectativa de alta de 2,0%, divulgada em junho último. No ano passado, o País cresceu 2,9%.

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Para 2025, contudo, o Banco Mundial segue projetando uma desaceleração da economia do Brasil, para uma alta de 2,2%. No exercício seguinte, a expectativa é de um crescimento levemente maior, de 2,3%.

Apesar de melhorar as suas estimativas, o Banco Mundial reforçou o coro de alerta e organismos internacionais quanto ao risco fiscal em meio à pressão de maiores gastos com aposentadoria.

“O aumento nos gastos com previdência que o Brasil está vivenciando vai ser um problema e um impulsionador de estresse fiscal daqui para frente em toda a região”, avaliou o economista-chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, William Maloney, em conversa com jornalistas, nesta quarta-feira, 9. “Precisamos ser cuidadosos com isso”, reforçou.

A recente melhora na classificação do Brasil pela Moody’s é uma boa notícia 'se o País puder manter', diz Maloney (na foto, em evento recente no Peru Foto: Victor Idrogo/Icónica/Banco Mundial

Na sua visão, a recente melhora da classificação do Brasil por parte da Moody’s é uma boa notícia à medida que o aproxima do grau de investimento, o que permitirá menores custos de financiamento ao País, mas desde que seja mantido à frente. “Isso é bom, se o País puder mantê-lo”, ponderou Maloney.

No que tange ao crescimento, o ritmo de expansão do Brasil neste ano deve superar o esperado pelo Banco Mundial para a América Latina e o Caribe (ALC), cujas estimativas também foram revisadas, para cima neste ano, mas para baixo no próximo. O organismo espera que a região tenha avanço de 1,9% em 2024 e 2,6% em 2025, contra 1,8% e 2,7%, respectivamente.

O ritmo de crescimento é o mais baixo em relação ao resto do mundo, evidenciando os gargalos estruturais persistentes, alerta o Banco Mundial. Na visão do organismo, a América Latina e o Caribe devem aproveitar o momento atual, com a expectativa de que a queda dos juros nos Estados Unidos proporcione algum alívio à região.

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Dentre os pontos positivos, o Banco Mundial destaca o controle da inflação, resultado da gestão macroeconômica eficaz da região. O Brasil e o Peru estão no caminho para atingir suas metas de inflação em 2024, e espera-se que outras grandes economias sigam logo depois, segundo o organismo.

Para Maloney, os ventos globais são “mistos”. De um lado, os juros começam a cair, e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve baixar as taxas em mais 0,50 ponto porcentual neste ano, o que é positivo. Do outro, não se espera um grande crescimento das economias avançadas. No entanto, a queda nas taxas ocorre diante do controle dos preços nos países ricos, o que deve permitir um desempenho econômico melhor à frente. “Um curinga é o crescimento chinês”, avaliou.

Dívida versus investimento

Do lado negativo, o relatório do Banco Mundial chama a atenção para o aumento da relação dívida/PIB da região da América Latina e Caribe, que subiu para 62,8% em 2024, ante 59,1% em 2019. Os altos níveis de dívida e custos de serviço continuam a prejudicar a capacidade da região de criar espaço fiscal para gastos e investimentos públicos, alerta o organismo.

O relatório destaca que os investimentos públicos e privados na região permanecem baixos, e o conjunto de países não está conseguindo surfar na onda do nearshoring, que é o comércio entre vizinhos. Os níveis de investimento estrangeiro direto (IED) estão abaixo dos vistos 13 anos atrás, em termos reais, e os anúncios de novos aportes favorecem outras regiões, conforme o Banco Mundial.

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