BRASÍLIA - Em meio à disparada do dólar, que resiste no patamar de R$ 6, o Banco Central anunciou no início da noite desta sexta-feira, 13, um novo leilão de venda da moeda americana com compromisso de recompra, o chamado “leilão de linha”, na próxima segunda-feira, 16. Serão ofertados R$ 3 bilhões das 10h20 às 10h25, com recompra em 6 de março de 2025.
Na prática, trata-se de uma espécie de intervenção do BC no câmbio. A autoridade monetária injeta novos recursos no mercado quando considera que há alguma disfuncionalidade nas negociações, o que ajuda a frear a disparada de preços.
Será a terceira atuação do BC no mercado de câmbio em três dias úteis. O BC realizou um leilão de linha de US$ 4 bilhões na quinta-feira, um dia após o Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciar um aumento mais duro na taxa básica de juros, para 12,25% ao ano, e antecipar novos aumentos de um ponto nas duas próximas reuniões do colegiado.
Já na tarde desta sexta-feira, o BC fez um leilão de dólar à vista, após a moeda americana bater R$ 6,07. Foram vendidos US$ 845 milhões, por meio de nove ofertas. Depois do leilão, a moeda americana fechou cotada a R$ 6,03.
Fiscal no radar
O dólar vem escalando desde o anúncio do pacote de contenção de gastos do governo Lula, no mês passado, considerado pelos analistas como insuficiente para o reequilíbrio das contas públicas.
Além disso, o mercado se frustrou com o anúncio conjunto do aumento da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil — medida que vai na contramão do propósito do pacote, uma vez que gera perda de receita. Isso fez o dólar sair de R$ 5,81 para R$ 6,11 em 48 horas, como mostrou o Estadão.
O desafio da equipe econômica é de que o pacote não seja ainda mais desidratado pelos parlamentares. O governo espera aprovar ao menos dois dos três textos que integram o pacote enviados ao Congresso Nacional na próxima semana, antes do recesso parlamentar.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.