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Belo Sun, que fez acordo com Incra, tem 83 pedidos de exploração de ouro no Pará

Empresa canadense espera autorização para abrir bases de extração em áreas de sete municípios paraenses

Foto do author André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - O acordo que a canadense Belo Sun firmou com o Incra para explorar ouro em um assentamento da reforma agrária não é o único projeto que a empresa mira no Pará. Ao todo, a companhia tem 83 pedidos de pesquisa de ouro e lavra de ouro em vários municípios paraenses, todos próximos à hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.

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Os pedidos foram apresentados ao longo dos últimos anos e estão registrados na Agência Nacional de Mineração (ANM). São pedidos ativos, ou seja, processos que estão à espera de autorização do órgão federal para serem levados adiante.

Além das áreas cobiçadas no município de Senador José Porfírio (PA), a empresa espera autorização para abrir bases de extração em Altamira, Pacajá, Itaituba, Novo Repartimento, Anapu e Vitória do Xingu. A área total requerida pela empresa chega a 195.679 hectares. As explorações estão previstas para começar a apenas 15 quilômetros de distância de uma das barragens de Belo Monte. A Norte Energia, dona da hidrelétrica, evita falar sobre o tema, mas não é favorável a perfurações e explosões em projetos minerais ao lado de sua estrutura.

Assentamento Ressaca, no Pará; Incra fez acordo com a mineradora Belo Sun para exploração de ouro na região. Foto: Andrew Christian Johnson

Na semana passada, reportagens do Estadão revelaram que o Incra concordou em ceder parte de um assentamento que existe desde 1998 no município de Senador José Porfírio, nas margens do Rio Xingu e próximo à hidrelétrica de Belo Monte, para que a empresa amplie seu projeto de exploração de ouro.

Em troca, o Incra vai receber R$ 1,3 milhão da empresa, uma fazenda em Mato Grosso, duas caminhonetes e equipamentos de informática. Antes do acordo com o Incra, a Belo Sun chegou a comprar, irregularmente, 21 lotes da região que lhe interessava. Esses lotes, porém, ainda não tinham título definitivo, portanto, não poderiam ser negociados.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) solicitou à corte que analise o contrato firmado entre o Incra e a Belo Sun. A Defensoria Pública da União (DPU) vai acionar a Justiça Federal para pedir a anulação do acordo.

O governo do Pará, que silencia sobre o assunto até o momento, também tem acordos firmados com a empresa canadense, para construir uma refinaria de ouro no Estado. Em fevereiro, o governador Helder Barbalho (MDB) assinou um “protocolo de intenções” com seis empresas mineradoras. Na lista, além da Belo Sun, estão North Star Participações, Serabi Mineração, Brazauro Recursos Minerais, BRI Mineração e Gana Gold Mineração.

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A Belo Sun, que há uma década se mobiliza para explorar ouro no subsolo do Xingu, afirma que seu Projeto Volta Grande terá investimento total de R$ 1,22 bilhão. A empresa é controlada pela Belo Sun Mining Corp., que tem ações listadas na Bolsa de Valores de Toronto.

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