PARIS - A defesa do bilionário francês Bernard Arnault, presidente do grupo de marcas de luxo LVMH, afirmou no sábado, 30, que as acusações contra ele de suposta lavagem de dinheiro envolvendo o oligarca russo Nikolai Sarkisov são “infundadas”.
A procuradoria de Paris havia indicado na quinta-feira, 28, que uma investigação sobre suspeitas de lavagem de dinheiro contra Sarkisov está aberta na França desde 2022 e que elas foram ampliadas para incluir transações imobiliárias em Courchevel, localidade turística nos Alpes, que envolvem Arnault.
“A operação realizada para permitir a ampliação do hotel Cheval Blanc em Courchevel é perfeitamente conhecida e foi realizada com respeito às leis e com o apoio de assessores”, afirmou a advogada Jacqueline Laffont à agência de notícias AFP.
O jornal Le Monde noticiou, citando um relatório da unidade de inteligência financeira do Ministério da Economia francês, que o oligarca russo teria comprado 14 propriedades no local em 2018 por 16 milhões de euros (cerca de R$ 85,2 milhões), através de uma rede complexa de empresas na França, Luxemburgo e Chipre.
O comprador oficial seria a empresa La Flèche, através da qual ele também teria adquirido outras três propriedades no local por 2,2 milhões de euros (R$ 11,7 milhões), gerando um ganho de capital de 1,2 milhão de euros (R$ 6,3 milhões) para outra empresa, a Croix Realty, da qual ele também seria proprietário através de outra complexa estrutura empresarial.
Para financiar essas operações, Arnault, segundo homem mais rico do mundo de acordo com o ranking de bilionários da Forbes, teria pago a Sarkisov 18,3 milhões de euros (R$ 97,5 milhões) antes de recomprar todas as ações da La Flèche, tornando-se o beneficiário efetivo das propriedades.
“A mudança do beneficiário final das aquisições de bens imobiliários tende a esconder a origem exata dos fundos, a complicar as operações e a identificação do verdadeiro comprador, e a refletir um desejo de disfarçar o beneficiário efetivo de todas essas operações, ou seja, Bernard Arnault”, diz o relatório citado pelo Le Monde.
Mas a advogada Jacqueline Laffont questionou: “Quem pode imaginar seriamente que o Sr. Bernard Arnault, que durante 40 anos construiu a empresa líder na França e na Europa, se dedicaria à lavagem de dinheiro para expandir um hotel?” / AFP
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