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Bets: Presidente da Febraban defende proibição imediata do uso de cartão de crédito para apostas

Isaac Sidney diz que gastos com jogos de azar online têm assumido proporções ‘gigantescas e alarmantes’; Fazenda já proibiu o uso do cartão de crédito, mas regra só vale a partir de janeiro

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Foto do author Alvaro Gribel
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Isaac Sidney, defendeu a proibição imediata do uso de cartões de crédito para o pagamento de jogos de apostas online. Desde abril, uma portaria do Ministério da Fazenda já determina essa proibição, mas as empresas só serão obrigadas a cumprir a regra a partir de janeiro de 2025.

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Ao Estadão, Sidney ressaltou que é preciso antecipar essa limitação, porque há uma preocupação crescente no setor financeiro sobre o potencial efeito das “bets” no endividamento e no aumento da inadimplência das famílias.

“Eu particularmente entendo – é uma posição pessoal – que o governo deveria usar todos os meios legais para proibir, imediatamente, o uso do cartão de crédito para a realização dos jogos. A proibição feita ainda não está sendo observada. O cartão é um produto fundamental e seu uso para apostas vai afetar bastante o consumo das famílias e a economia”, disse.

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, diz que gastos com os jogos de azar online têm assumido proporções ‘gigantescas e alarmantes’. Foto: CBELLI

Pela portaria da Fazenda, os apostadores só poderão realizar as apostas por meio de pagamento instantâneo, como Pix, TED, cartão de débito ou pré-pago. Sidney defende essa regra, porque avalia que o cartão de crédito é um estímulo ao superendividamento.

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“Uma coisa é fazer a aposta com Pix ou cartão de débito. A pessoa vai fazer, mas só vai usar o que está na conta. O cartão, ao contrário, é endividamento para o futuro, além das forças financeiras atuais. O cartão de crédito é um convite à bola de neve do endividamento”, afirmou.

O crescimento de gastos com jogos de azar online despertou também a atenção do Banco Central. Segundo integrantes do banco ouvidos pelo Estadão, é preciso que o Executivo atue de forma enérgica, com políticas e campanhas de conscientização, para evitar uma escala das dívidas.

Na visão do presidente da Febraban, o crescimento desse tipo de jogo de azar tem assumido proporções “alarmantes e gigantescas”, que vão se transformar em uma “tragédia anunciada”.

“O crescimento do mercado de apostas online no Brasil vem assumindo proporções alarmantes e gigantescas e esse cenário deveria nos preocupar seriamente, em especial quanto a seu efeito nefasto no endividamento das famílias”, diz Isaac Sidney. “Sem controle, não tenho dúvida, a escalada da dívida vai se tornar numa tragédia anunciada, com consequências graves para a saúde financeira das pessoas”, alerta.

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A Febraban diz que vai cobrar do poder público a adoção de medidas urgentes para apertar e aperfeiçoar a regulamentação das bets. Outra preocupação é o uso desse tipo de jogo para lavagem de dinheiro.

“Vamos cobrar do poder público também urgência em uma regulamentação rigorosa para evitar essa bomba relógio e ainda para coibir lavagem de dinheiro, pois não vamos aceitar que o setor bancário seja canal de ilícitos financeiros ligados a jogos de apostas”, afirmou.