O mundo pode ter o seu primeiro trilionário em 10 anos, segundo o relatório Desigualdade S.A., divulgado nesta segunda-feira, 15, pela organização britânica Oxfam. Segundo o mesmo relatório, caso a discrepância entre os mais ricos e o mais pobres permaneça, é possível que a pobreza só seja erradicada em 230 anos.
Sete em cada dez das maiores empresas do mundo têm bilionários como CEO ou principais acionistas. “Uma imensa concentração do poder das grandes empresas e monopólios em nível global está exacerbando a desigualdade em toda a economia”, diz o relatório.
Juntas, as cinco maiores empresas do mundo têm um valor maior do que o PIB combinado de todas as economias da África, da América Latina e do Caribe, de acordo com o documento.
A Oxfam pondera que o mundo parece atravessar uma nova década de divisão, com uma pandemia global, guerras, crise no custo de vida e colapso climático. De acordo com a instituição, existe um perigo de que a desigualdade extrema, entre os poucos mais ricos do mundo e a grande maioria da população, se torne o “novo normal”.
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Para lidar com isso, o instituição propõe uma série de medidas que poderiam reverter a situação, Entre elas, está a reestruturação dos mercados para que sejam mais justos, a tributação de corporações e super-ricos, além do fortalecimento de investimentos em bens e serviços públicos.
Veja abaixo os principais destaques do relatório Desigualdade SA da Oxfam
- Homens possuem globalmente US$ 105 trilhões a mais em patrimônio do que mulheres, equivalente a mais de quatro vezes a economia dos Estados Unidos.
- O 1% mais rico do mundo detém 43% de todos os ativos financeiros globais.
- O 1% mais rico do mundo emite tanta poluição de carbono quanto os dois terços mais pobres da humanidade.
- Nos Estados Unidos, o patrimônio de uma família negra comum é apenas 15,8% do patrimônio de uma família branca comum.
- No Brasil, em média, o rendimento dos brancos é mais de 70% superior ao rendimento de pessoas negras.
- 4 dos 5 bilionários brasileiros mais ricos aumentaram em 51% sua riqueza desde 2020; ao mesmo tempo, 129 milhões de brasileiros ficaram mais pobres.
- Apenas 0,4% das mais de 1,6 mil maiores e mais influentes empresas do mundo comprometeram-se publicamente com o pagamento de salários dignos a seus trabalhadores e apoiam isso em suas cadeias de valor.
- Levaria 1.200 anos para uma trabalhadora do setor de saúde ganhar o que um CEO de uma das 100 maiores empresas da lista da Fortune ganha em média por ano.
É possível acessar o relatório completo neste link.
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