Bloqueio de estradas por bolsonaristas já causa falta pontual de combustível no Sul e Centro-Oeste

Presidente da Fecombustíveis alerta para situação em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás

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Foto do author Cleide Silva
Atualização:

RIO e SÃO PAULO- Um dos itens mais sensíveis ao bloqueio de rodovias federais, os combustíveis, já começaram a faltar em postos de cidades do Sul e Centro-Oeste do País, segundo entidades que representam varejistas do setor. A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) diz se tratar de focos de desabastecimento pontuais e nega o risco iminente de uma crise de nível nacional.

Desde domingo à noite, bolsonaristas protestam contra o resultado das eleições e fecharam centenas de rodovias federais, travando a livre circulação de pessoas, bens e serviços. “Até aqui, são casos pontuais de falta de combustíveis. O que está nos chamando atenção é uma parte do estado de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. Essas regiões concentram os bloqueios que estão afetando o transporte rodoviário de combustível”, diz o presidente da Fecombustíveis, James Thorp.

Manifestantes bloqueiam rodovias em Minas Gerais Foto: ALEX DE JESUS/O TEMPO/PAGOS 

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Segundo o executivo, ainda não há desabastecimento, situação em que nenhum posto de uma cidade tem combustível para venda, mas há preocupação crescente. Ele avalia que, embora haja movimentações de bloqueios desde domingo à noite, ontem foi o primeiro dia efetivo de dificuldades ao transporte de cargas de combustíveis nas estradas.

O primeiro estado a registrar falta pontual de produto foi Santa Catarina. No fim da tarde de ontem, 31, postos do município de Joinville (SC) já não tinham mais produto para vender, informou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Santa Catarina (Sindipetro). Houve corrida para encher os tanques, com filas de carros pelas ruas e aumento de preço onde ainda havia insumo.

No Centro-Oeste, há problemas no Distrito Federal e Goiânia. Segundo o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, o bloqueio total ou parcial das vias de acesso à Brasília, já prejudica caminhões que transportam para a região o etanol anidro, insumo que responde por 27% da mistura da gasolina comum. Por essa razão, as distribuidoras impuseram, desde ontem à noite, quotas diárias para entrega de combustível por revendedores.

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“Cremos que os estoques possam durar por até 7 dias, mas é preciso confirmar com as distribuidoras. Postos do entorno (do DF), que recebem combustível de Goiânia, já estão sem produto devido aos bloqueios”, informou Tavares por meio de nota.

Estoque em São Paulo está no fim

Postos de combustível do Estado de São Paulo têm estoque médio para abastecimento hoje e amanhã. Se as estradas não forem liberadas, é possível que alguns estabelecimentos já fiquem com as bombas secas a partir deste quarta-feira, feriado de Finados.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, afirmou nesta tarde que a maior parte do combustível estocado foi vendida na sexta-feira e nos fim de semana. “O reabastecimento ocorreria ontem (segunda-feira), mas, por causa dos bloqueios nas estradas, o produto não foi entregue”.

Gouveia acredita, contudo, que medidas adotadas pelo governo do Estado para que as estradas sejam liberadas, e pela prefeitura paulista, de suspender o rodízio de veículos para os caminhões-pipa que transportam combustível, podem evitar a escassez.

Segundo ele, há um aumento no movimento de motoristas nos postos, a maioria para encher os tanques dos automóveis, mas ele ainda não detectou “filas quilométricas” em frente a estabelecimentos. “Se houver corrida aos postos (nas próximas horas) poderemos ter problemas a partir de amanhã.”

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Greve de 2018

Durante a greve dos caminhoneiros de 2018, que tinha como foco o aumento do preço do diesel e mudanças na tabela de frete, começou a faltar combustível em postos de todo o País a partir do quarto dia efetivo de bloqueios, em 24 de maio. Um dia depois, passou a faltar combustível de aviação em 11 aeroportos, incluindo o de Brasília, e outros dois, Confins (MG) e Rio Grande do Sul entraram em estado crítico.

Dois dias depois, em 27 de maio, o então governo Michel Temer (MDB) fechou um acordo com os caminhoneiros que, além de outras concessões, incluiu redução no preço do diesel de R$ 0,46 por litro. Desta vez, lideranças de movimentos de caminhoneiros já descartaram envolvimento com as mobilizações.

Em nota, a Fecombustíveis afirma que “o direito à manifestação não pode estar à frente do bom-senso, podendo causar prejuízos à economia do País e à liberdade de ir e vir dos cidadãos que estão em trânsito”. O Sindicombustíveis-DF diz esperar que “manifestações de cunho político provocadas por uma minoria”, possam terminar com brevidade para evitar transtornos a toda população.

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