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BNDES financia modernização do agronegócio

Produção mais sustentável e eficiente é impulsionada pelos investimentos do Fundo Clima

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Por BNDES e Estadão Blue Studio
Atualização:
4 min de leitura

A Cooperativa Agrária Agroindustrial substituirá a caldeira da sua indústria de óleo, em Guarapuava (PR), por uma alternativa mais moderna e sustentável. Em vez de lenha, como ocorre hoje, a nova caldeira será abastecida por cavacos e resíduos agroindustriais. Na prática, utilizará material para gerar energia mais limpa e barata. A mudança se tornará possível com o financiamento de R$ 44,6 milhões aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Fundo Clima.

“Esse projeto é um exemplo dos objetivos do Fundo Clima: ser um instrumento importante de investimentos que visem a descarbonização, a transição energética e o desenvolvimento da bioeconomia no País, em alinhamento às diretrizes da nova política industrial”, diz o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Projeto no Paraná prevê instalação de silos para armazenamento de resíduos finos de cereais e implantação de sistema de recepção, moagem e armazenagem, financiados pelo Fundo Clima Foto: Getty Images

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O potencial de uso do Fundo Clima como instrumento de combate às mudanças climáticas foi incrementado em abril, quando o BNDES e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima anunciaram a transferência de R$ 10,4 bilhões ao Fundo. Até 2023, o orçamento era de R$ 2,9 bilhões.

Redução de custos

Com 30 anos de uso, a atual caldeira da Cooperativa Agrária Agroindustrial não foi projetada para consumir resíduos de cereais, recurso amplamente disponível na própria unidade. Com a substituição, a perspectiva é queimar todo resíduo cereal produzido ali, o que corresponde a cerca de 5 mil toneladas por ano. Até então, essa matéria-prima vinha sendo destinada à caldeira da maltaria da cooperativa em outra unidade na mesma região.

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A substituição da caldeira reduzirá o custo de frete e da tonelada de vapor. Além das vantagens financeiras, há ganhos em sustentabilidade. Com a modernização para maior eficiência energética e redução de custos operacionais, a cooperativa deve deixar de emitir 582 toneladas de CO2 por ano. Esse volume corresponde ao plantio de cerca de 3.800 árvores[FN1] .

O financiamento do BNDES também contempla a instalação de silos para armazenamento de 500 toneladas de resíduos finos de cereais, além da implantação de sistema de recepção, moagem e armazenagem. A previsão é de que as obras estejam concluídas até o final de novembro de 2026.

Com produção de 932 mil toneladas de grãos no ano passado, a Cooperativa Agrária Agroindustrial é formada por 728 cooperados e cerca de 1.900 colaboradores, que atuam no recebimento, industrialização e comercialização de produtos agropecuários. As principais culturas do grupo são a soja, o milho, o trigo e a cevada, com matriz energética predominantemente composta por fontes renováveis.

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Transição energética

Os projetos de transição energética apoiados pelo BNDES totalizam R$ 45 bilhões desde 2007, o que viabilizou o aumento da produção anual de etanol em mais de 10 bilhões de litros (um terço da produção atual do Brasil) e 4 mil MW adicionais em capacidade de geração elétrica (2% da atual capacidade total do País).

Entre os projetos aprovados recentemente está o financiamento, de R$ 500 milhões, para a implantação de uma usina de produção de etanol à base de milho em Canarana (MT), projeto da Alvorada Bioenergia, do Grupo Agrícola Alvorada. A nova unidade terá capacidade anual estimada de até 222 mil m³ de etanol, 147 mil toneladas de grãos secos de destilaria (DDGs – Dried Distillers Grains, em inglês) e 8 mil toneladas de óleo bruto.

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A nova usina será o primeiro empreendimento industrial de grande porte localizado no entorno da BR-158, em uma região que hoje se caracteriza por ter a pecuária de gado bovino como principal atividade econômica. Além de garantir uma demanda constante pelo milho armazenado e comercializado pela Alvorada, a planta resultará na geração de 300 empregos diretos e indiretos.

Com a mesma composição química e desempenho equivalente ao produto feito a partir da cana-de-açúcar, o etanol de cereais apresenta amplas perspectivas de expansão. “O etanol de milho encontrou condições ideais para o seu desenvolvimento no Brasil, sobretudo na região Centro-Oeste. A elevada disponibilidade do chamado DDG, que é usado na produção de proteína animal são fatores que têm viabilizado o rápido crescimento do etanol de milho no Brasil”, diz Mauro Mattoso, chefe do Departamento do Complexo Agroalimentar e de Biocombustíveis do BNDES.

Investir no etanol de cereais significa agregar valor aos grãos produzidos no Brasil, que deixam de ser exportados in natura e passam a ser processados internamente – o que envolve, também, geração de empregos. Como benefícios correlatos, há o aumento da produção de ração para animais, o que poderá diminuir o uso de grandes áreas para pastagem, elevando a produção agrícola nacional sem a necessidade de abertura de novos espaços para a agricultura.

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Outra vantagem significativa do etanol de milho é a perspectiva de ser produzido o ano todo – já que, diferente da cana, o milho pode ser estocado. Espera-se que, com o aumento da participação do etanol de milho, haja menor variação do preço do etanol.

De acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a oferta de etanol do Brasil deve atingir cerca de 50 bilhões de litros em 2034, dos quais aproximadamente 15 bilhões virão do milho e o restante da cana-de-açúcar. “As duas matérias-primas serão importantes para garantir o abastecimento doméstico e aproveitar oportunidades de exportações, incluindo novos usos para o etanol, como na aviação e na navegação”, analisa Mattoso.

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