Boicote ao Mercosul: Discursos muitas vezes escondem interesses comerciais, diz o governador de MT

Mauro Mendes, ‘como cidadão e governador do Estado maior produtor de carne’, vê a decisão de varejistas franceses de boicote ao Mercosul como ‘uma afronta às nossas relações e ao comércio internacional, que tem regras’

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Foto do author Beatriz Bulla
Atualização:

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), propõe que os brasileiros boicotem o consumo no Carrefour, após o presidente do grupo, Alexandre Bompard, anunciar que a rede varejista se comprometia a não vender carnes do Mercosul. O bloco é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

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“Precisanos nos fazer respeitar e entender verdadeiramente qual é o game que está sendo jogado. Muitas vezes discursos ambientalistas são feitos mas escondem interesses puramente comerciais. Temos de defender o meio ambiente, fazer a nossa parte no Brasil, mas enquanto damos a nossa cota de contribuição, muitos países continuam aumentando emissões, principalmente aquelas que vêm da queima de combustíveis fósseis”, disse o governador ao Estadão.

Ele afirma que recebeu milhares de felicitações nas redes sociais e também apoio de lideranças políticas por ter se posicionado publicamente a respeito do tema. “Quando se propõe um boicote claramente, é uma declaração no mínimo desrespeitosa com nossos cidadãos. E uma forma de responder a isso é propor tratamento idêntico ao que estão dando a nós”, afirmou.

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, defende boicote ao Carrefour no Brasil em represália a decisão tomada pela rede na França Foto: Christiano Antonucci/GCom-MT

O presidente do grupo Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou que a decisão de suspender a venda de carnes do Mercosul foi tomada após ouvir o “desânimo e a raiva” dos agricultores franceses, que têm protestado contra a proposta de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

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Embora tenha sido assinado pelos dois blocos em 2019, o acordo segue sem conclusão em razão de divergências políticas e conflito de interesses comerciais de lado a lado.

“O acordo é muito difícil e não à toa está aí há mais de 20 anos emperrado nos interesses não convergentes entre nosso bloco e o bloco europeu. A França é um dos principais obstáculos por conta da ineficiência que tem na sua agricultura”, critica o governador. “Fiquei extremamente indignado, como cidadão e governador de um Estado importante no agro do País e maior produtor de carne. É uma afronta às nossas relações e ao comércio internacional, que tem regras”, diz Mauro Mendes.

Nesta sexta-feira, 22, outro grande grupo varejista francês, o Les Mousquetaires, seguiu na mesma direção do Carrefour. O CEO do grupo, Thierry Cotillard, também em publicação nas redes sociais, afirmou que as unidades do grupo (que detém as marcas Intermarché e Netto) se comprometem a não comercializar carne da América do Sul. Cotillard disse que a medida visa à soberania alimentar e ao apoio aos agricultores franceses. Ele ainda pediu uma mobilização coletiva nesse sentido.

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