Estimativa de inflação para 2023 cede pela 2ª semana seguida, mas ainda acima do teto

Boletim Focus mostrou redução de 5,33% para 5,30%; já para 2022, projeção continuou trajetória de arrefecimento, guiada principalmente por medidas para baixar combustíveis

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Foto do author Thaís Barcellos
Atualização:

BRASÍLIA - O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 29, mostrou nova redução na estimativa para o IPCA – índice de inflação oficial – para 2023, mas ainda acima do teto da meta (4,75%).

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Pela segunda semana seguida, a estimativa cedeu, agora de 5,33% para 5,30%. Fora essa sequência, a última vez que a projeção havia caído foi no Boletim Focus da primeira semana de janeiro. Há um mês, a projeção era de 5,33%. Mas, considerando somente as 58 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana subiu, de 5,30% para 5,34%.

Para 2022, a projeção continuou sua trajetória de arrefecimento, guiada principalmente pelas medidas do governo para baixar os combustíveis e pelas recentes reduções nos preços da gasolina pela Petrobras. A estimativa desacelerou de 6,82% para 6,70%, a nona redução seguida, também bem acima do limite superior do objetivo a ser perseguido pelo Banco Central (5,0%). Há quatro semanas, a mediana era de 7,15%.

Considerando somente as 59 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 6,69% para 6,61%.

As estimativas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

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Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a expectativa para o IPCA de 2024 continuou em 3,41%, contra 3,30% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 59 semanas atrás. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

Juros básicos

A projeção para a taxa Selic no fim de 2022 completou a 10ª semana consecutiva em 13,75% no Boletim Focus. Este é o atual patamar da taxa, o que mostra a expectativa majoritária do mercado financeiro é de que o ciclo de alta de juros se encerrou no Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto. Há um mês, o porcentual já era de 13,75%. Da mesma forma, a mediana para a Selic no final de 2023 permaneceu em 11,00%, mesmo porcentual de quatro semanas antes.

Sede do Banco Central; Boletim Focus mostra nova redução na estimativa para o IPCA para 2023, mas ainda acima do teto da meta (4,75%).  Foto: Dida Sampaio/Estadão

No Copom deste mês, a Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75%, e o colegiado disse que vai avaliar a necessidade de uma alta adicional, de 0,25pp, em setembro.

Na ata, o BC acrescentou que avalia que a estratégia exigida para trazer a inflação para o “redor da meta” no horizonte relevante considera o aumento definido para 13,75% em agosto e a manutenção da taxa em território bastante contracionista por um período longo. Mas que ficará “vigilante” para avaliar se esse plano será suficiente.

Na semana passada, em uma mudança de tom após o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de agosto, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avisou que não é momento de “baixar a guarda”.

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Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.

PIB

O mercado financeiro continuou melhorando os prognósticos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano no Boletim Focus, na esteira dos indicadores mais fortes, do estímulo fiscal do governo e da surpresa com a retomada do emprego.

A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,02% para 2,10%, nona alta seguida, contra 1,97% há um mês. A estimativa para a expansão do PIB em 2023, por sua vez, piorou, de 0,39% para 0,37%, ante 0,40% um mês antes.

O Relatório Focus ainda mostrou manutenção na projeção para o crescimento do PIB em 2024, em 1,80%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,70% e 2,00%, respectivamente.