BRASÍLIA - As previsões do relatório Focus, do Banco Central, mostram um avanço da inflação para 2024. A mediana para o IPCA deste ano avançou de 4% para 4,02%, mais de 1 ponto porcentual acima do centro da meta, de 3%. Um mês atrás, era de 3,90%. A mediana para 2025, horizonte relevante da política monetária, subiu de 3,87% para 3,88%, contra 3,78% um mês antes. Para 2024, a mediana continuou em 3,60% pela quinta semana consecutiva.
A partir do próximo ano, a meta de inflação passa a ser contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima do teto ou abaixo do piso por seis meses consecutivos, vai se considerar que o alvo foi perdido.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que o centro da meta continuará em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. O alvo e a banda poderão ser alterados pelo conselho, com base em uma proposta do ministro da Fazenda e antecedência mínima de 36 meses para sua aplicação.
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O Banco Central espera que o IPCA fique em 4% em 2024, 3,4% em 2025 e 3,2% em 2026, considerando o cenário de referência, com a trajetória de juros extraída do Focus. Em um cenário alternativo, com a taxa Selic constante ao longo do horizonte relevante, o BC espera inflação de 4% este ano e 3,1% no próximo.
Selic
Para a taxa Selic no fim de 2024, a mediana continuou em 10,5% pela terceira semana consecutiva. Um mês atrás, era de 10,25%. Na decisão mais recente, de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 10,5%, por unanimidade, e comunicou a “interrupção” do ciclo de cortes.
A mediana do Focus para a Selic no fim de 2025 permaneceu em 9,5% pela terceira semana consecutiva, de 9,25% um mês atrás.
PIB
A mediana do relatório Focus para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2024 subiu de 2,09% para 2,10%. Um mês atrás, era de 2,09%.
A estimativa intermediária para o PIB de 2025 caiu de 1,98% para 1,97%, a segunda oscilação negativa seguida. Levando em conta apenas as 26 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,94% para 2%.
O Ministério da Fazenda espera crescimento de 2,5% para o PIB brasileiro em 2024. O Banco Central aumentou a sua estimativa, de 1,9% para 2,3%, no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Dólar
As projeções para a cotação do dólar no fim de 2024 continuaram em R$ 5,20, o mesmo nível de uma semana atrás. Um mês antes, a estimativa era de R$ 5,05. A estimativa intermediária para a moeda americana no fim de 2025 subiu de R$ 5,19 para R$ 5,20, contra R$ 5,09 quatro semanas antes. A estimativa para o fim de 2025 também avançou, de R$ 5,15 para R$ 5,19.
O dólar chegou a cruzar o limiar de R$ 5,70 na cotação intradiária na última terça-feira, 2, em meio a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que renovaram o ceticismo do mercado quanto à possibilidade de cumprimento das metas do novo arcabouço fiscal.
Na quarta-feira, 3, uma reunião de ministros com Lula para tratar da disparada do dólar resultou no anúncio de um corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias no Orçamento de 2025. O governo mudou a retórica sobre a política fiscal, reforçando o compromisso com o arcabouço.
Essa virada no discurso, somada a dados que sugeriram espaço para corte de juros nos Estados Unidos, abriu espaço para alguma recuperação do real. O dólar interrompeu uma sequência de seis semanas de alta e fechou a semana passada em queda de 2%, cotado em R$ 5,4623.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Déficit primário
A mediana do relatório Focus para o déficit primário de 2024 permaneceu em 0,70% do Produto Interno Bruto (PIB) na edição desta segunda-feira, 8. Um mês atrás, ela também era de 0,70% do PIB. A estimativa intermediária de déficit primário de 2025 diminuiu de 0,64% para 0,61% do PIB, contra 0,67% um mês atrás.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo havia identificado R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que serão cortadas no Orçamento de 2025. Após uma reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele reiterou o compromisso com o arcabouço fiscal até o fim deste mandato do petista.
“O presidente determinou que se cumpra o arcabouço fiscal. Não há discussão a esse respeito”, disse Haddad. “A lei complementar foi aprovada, inclusive ela se conjuga com a Lei de Responsabilidade Fiscal. São leis que regulam as finanças públicas do Brasil e elas serão cumpridas em 2024, 2025, 2026. O compromisso nosso é de cumprimento.”
O arcabouço impõe como meta um déficit primário zero este ano, com tolerância de 0,25 ponto porcentual do PIB para cima ou para baixo. O antigo alvo do ano que vem - de superávit primário de 0,5% do PIB - foi alterado em abril, também para um déficit zero.
A mediana para o déficit nominal de 7,25% do PIB este ano, contra 7,20% uma semana atrás. Há um mês, a projeção era de 7,04%.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após o gasto com juros e outras despesas financeiras.
A mediana para a dívida líquida do setor público como proporção do PIB passou de 63,70% para 63,85% em 2024, contra 63,65% um mês antes. A estimativa intermediária para 2025 ficou em 66,40%, mesmo nível da semana anterior. Um mês atrás, era de 66,50%.
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