Indefinição sobre corte de gastos faz dólar subir e derruba Ibovespa

No início da manhã, moeda americana chegou a R$ 5,8194, também influenciada pelo fortalecimento das cotações no exterior

PUBLICIDADE

Publicidade
Foto do author Redação
Por Redação

A indefinição do governo sobre o pacote de corte de gastos faz efeito no mercado financeiro nesta segunda-feira, 11. A cotação do dólar chegou a atingir R$ 5,8194, em alta de 1,38% no início da manhã, também influenciada pelo fortalecimento da moeda americana no exterior - ainda como efeito da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Essa alta, porém, perdeu um pouco de fôlego, e às 11h43 o dólar estava em R$ 5,7865.

A moeda americana é impulsionada no mundo pela perspectiva de que o presidente eleito dos EUA vá implementar políticas protecionistas e pela impaciência do mercado local com a demora na definição do pacote de corte de gastos do governo, de acordo com o analista de mercado da Stonex, Leonel Mattos.

Cotação da moeda americana sobe no mundo Foto: Paulo Vitor/Estadão

PUBLICIDADE

Além disso, segundo ele, o setor público consolidado no País apresentou déficit primário de R$ 245,605 bilhões em 12 meses até setembro, o equivalente a 2,15% do Produto Interno Bruto (PIB), o que indica que as contas públicas estão bem distantes da banda estabelecida pelo arcabouço fiscal, que permite déficit máximo de 0,25% do PIB. Também o boletim Focus trouxe nova piora das perspectivas inflacionárias para 2024, 2025 e 2026, o que reforça a perspectiva de um ciclo mais rígido de altas para a taxa Selic a fim de recuperar a estabilidade de preços no País, avalia.

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles considera um problema o governo continuar adiando o anúncio sobre o pacote de cortes de gastos porque isso se soma a uma das maiores ameaças ao terceiro mandato do presidente Lula: a dívida pública crescente, que pode começar a esbarrar em 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2028, conforme previsão do FMI.

“Essa é a maior ameaça à frente e que vai ser um problema complicado, e vai depender um pouco do ritmo para saber quando vamos chegar lá”, disse.

Esse cenário também afeta o mercado de ações. Às 11h19, o Ibovespa, principal índice da B3, recuava 0,17%, aos 127.613,61 pontos, depois de cair 0,41% no início da manhã, aos 127.306,45 pontos. Petrobras PN subia 0,44% e PetroReconcavo, 3,52%, mas ações ligadas ao minério aprofundavam as quedas. Vale cai 1,78%.

Para analistas, essa moderação no ritmo de queda é influenciada em boa medida pelas ações ligadas ao petróleo - ainda que as cotações da commodity caiam acima de 2%. Com uma política de corte de impostos indicada pelo novo governo dos EUA, há expectativa de mais crescimento econômico que poderá beneficiar alguns setores.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.