SÃO PAULO - Nesta sexta-feira, 10, a Bovespa fechou em alta pela quarta sessão consecutiva, favorecida principalmente por fatores vindos do cenário externo. A elevação da nota de risco da Petrobrás promovida pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) impulsionou o mercado na parte da tarde e ampliou o otimismo que já caracterizava os negócios. Dados positivos da China, valorização do petróleo e bom humor nas bolsas de Nova York completaram o cenário benigno para a renda variável neste dia. Com isso, o Índice Bovespa terminou a sexta-feira aos 66.124,52 pontos, com ganho de 1,79%. Os negócios somaram R$ 8,8 bilhões.
A S&P elevou de B+ para BB- o rating em escala global da Petrobrás e de brBBB- para brA o rating nacional. O rating de perfil de crédito da empresa também foi elevado, de b- para bb-. A perspectiva é estável. Em relatório, a S&P afirma que a Petrobrás busca uma estratégia focada em acelerar a redução de sua dívida e fortalecer sua liquidez. A agência, no entanto, manteve o rating brasileiro inalterado.
"O upgrade da Petrobrás de certa forma foi inesperado, mas reflete o melhor momento da companhia, de maior credibilidade. Tudo melhora para a Petrobrás com essa decisão", disse Pablo Spyer, diretor da Mirae Corretora, ressaltando a importância dos esforços para a redução da dívida da companhia.
O upgrade da Petrobrás, no entanto, não foi a principal surpresa do dia. Dados da balança comercial chinesa surpreenderam as análises e fizeram disparar os preços do minério de ferro. As importações de petróleo e de minério de ferro subiram na comparação anual de janeiro. A alta do minério se refletiu nas ações de mineradoras por todo o mundo, incluindo a brasileira Vale, que teve ganhos de 5,53% (ON) e 6,55% (PNA). O setor siderúrgico pegou carona nesse movimento e teve entre os destaques CSN ON, com ganho de 8,38%, maior alta do Ibovespa.
Dólar. A melhora no apetite por risco no exterior fez com que o dólar fechasse em queda nesta sexta-feira, 10. A divisa norte-americana recuou 0,50%, cotada aos R$ 3,1112 no mercado à vista, com mínima em R$ 3,1066 (-0,65%). O volume de negócios somou US$ 751,755 milhões.
O fim da tarde trouxe um sinal de alerta para a percepção do Brasil. A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) manteve a nota soberana do Brasil em BB, com perspectiva negativa. O anúncio da instituição adia as expectativas de uma recuperação do rating nacional e reforça a ideia de que o País ainda se encontra num processo de ajuste, com baixo crescimento e demanda reprimida.
O dólar mostrou pouca reação, diminuindo levemente as perdas frente ao real. De acordo com dois executivos de corretoras nacionais, a informação foi conhecida num momento de baixa liquidez no mercado. Sendo assim, é possível que a resposta mais clara nas cotações venha apenas na segunda-feira.
Profissionais do mercado apontaram que um recuo maior do dólar tem sido limitado nas persistentes dúvidas sobre a rolagem ou não do estoque de US$ 7 bilhões em contratos de swap cambial que vencem em 1º de março.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.