A inconsistência contábil na Americanas ditou o humor do Ibovespa nesta quinta-feira, 12. O principal índice da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, encerrou o dia desvalorizado 0,59%, aos 111.850 pontos. O dólar caiu 1,55% ante o real cotado a R$ 5,10.
O rombo de R$20 bilhões das Americanas afetou todo o mercado. Principalmente as ações de varejos e bancos, as companhias ligadas à 3G Capital, como AmbeV (1,33%), também não escaparam. Itaú PN (-1,40%), Bradesco PN (2,34%) e BTG (3,95%) seguiram sob o mesmo sinal e desidrataram. Entre as varejistas, a Via cedeu 5,38%,
Como já esperado, o ministro da Fazenda Fernando Haddad anunciou ações para reduzir o déficit de cerca de R$ 230 bilhões no Orçamento com foco na ampliação de receitas.
As medidas do governo demonstram um grau de preocupação em ajustar as contas públicas, o que tem efeito positivo. O mercado já precifica uma queda mais forte da Selic à frente”, afirma o especialista da Valor Investimentos Charo Alves.
Para este ano, o plano do ministro prevê R$ 83,28 bilhões em medidas permanentes do lado da arrecadação, R$ 73 bilhões em receitas extraordinárias e R$ 50 bilhões em redução de despesas. Entre as receitas permanentes, estão incluídos R$ 30 bilhões em aproveitamento do crédito do ICMS, R$ 28,88 bilhões de PIS/Cofins sobre combustíveis e R$ 4,40 bilhões da medida de reoneração de PIS/Cofins sobre receita financeira.
O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI) reforçaram a percepção que o Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, devem reduzir a intensidade da elevação de juros.
“O CPI nos EUA solidificou as apostas do mercado para uma redução do ritmo de aumento de juros pelo Fed e isso fez o dólar recuar com força em reação a moedas desenvolvidas e emergentes. O real está com a melhor performance, o que mostra a atratividade do nosso juro real doméstico”, afirma a analista de fundos de renda fixa da Empiricus, Lais Costa.
“Bancos são pressionados por terem uma relação com financiamento para o setor de varejo, comenta Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos: “Com o caso Americanas, a incerteza também recai para esses papéis”.
O agora ex-CEO da Americanas, Sergio Rial, disse na manhã desta quinta-feira, em conferência fechada a clientes do BTG Pactual, que se os bancos que financiam a empresa quiserem acelerar o recebimento das dívidas, “será uma história totalmente diferente” para o operacional da empresa.
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