Bolsas da Europa e da Ásia caem após tarifas impostas pelos Estados Unidos

Donald Trump anunciou uma tarifa geral de 10% a importações globais e uma série de tarifas ‘recíprocas’ para mais de 180 países e territórios

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Por Redação
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Um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançar uma ofensiva tarifária mais agressiva do que o esperado sobre o comércio global, as bolsas asiáticas fecharam em queda e os principais mercados de ações europeus operam em baixa nesta quinta-feira, 3, com investidores cautelosos sobre o impacto que isso terá na inflação e no crescimento.

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Por volta das 6h55 (de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha queda de 1,69%, a 527,87 pontos. Às 7h10 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 1,37%, a de Paris recuava 2,30% e a de Frankfurt cedia 1,88%. Já as de Milão e Madri tinham perdas de 1,89% e 0,81%, respectivamente. Na contramão, a de Lisboa subia 0,41%.

Com os produtos da China e de Taiwan sendo particularmente penalizados, as bolsas asiáticas fecharam em baixa. Trump anunciou tarifas de 34% para a China, que se somam à tarifação de 20% já em vigor. No caso de Taiwan, as tarifas chegam a 32%.

O presidente Donald Trump fala durante evento para anunciar novas tarifas no Rose Garden da Casa Branca Foto: Mark Schiefelbein/AP

Liderando as perdas na Ásia, o índice japonês Nikkei caiu 2,77% em Tóquio, a 34.735,93 pontos, sob o peso de ações de chips e de bancos, enquanto o Hang Seng recuou 1,52% em Hong Kong, a 22.849,81 pontos, e o sul-coreano Kospi cedeu 0,76% em Seul, a 2.486,70 pontos.

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Na China continental, o Xangai Composto teve perda modesta, de 0,24%, a 3.342,01 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto recuou 1,10%, a 1.992,39 pontos. Destacaram-se negativamente ações de eletrodomésticos, produtos de consumo e hardware. O mercado taiwanês não operou nesta quinta em função de um feriado.

Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no vermelho em reação ao tarifaço de Trump, após acumular ganhos por dois pregões seguidos. O S&P/ASX 200 caiu 0,94% em Sydney, a 7.859,70 pontos.

Em um longo discurso na quarta-feira, 2, à noite, Trump anunciou tarifas sobre produtos da União Europeia (20%) e da China (34%), além dos 20% já em vigor desde a posse de Trump; do Japão (24%) e da Suíça (31%), entre outros. As tarifas “recíprocas” atingem mais de 180 países e territórios, incluindo o Brasil (10%).

A ofensiva protecionista da Casa Branca não tem paralelo desde a década de 1930 e também inclui uma tarifa adicional de 10% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos, bem como aumentos para países que Trump considera particularmente hostis ao comércio.

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Diante das incertezas, investidores estão se voltando para portos seguros como o ouro, que atingiu uma máxima histórica na quinta-feira, a US$ 3.167,84 a onça (31,1 gramas).

No mercado de petróleo, o preço do barril de petróleo Brent do Mar do Norte caiu 3,34%, para US$ 72,45, e seu equivalente nos EUA, WTI, caiu 3,57%, para US$ 69,15.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse nesta quinta-feira que a UE está finalizando contramedidas para responder ao tarifaço de Washington. Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que reagirá com a “cabeça fria e calma” ao anúncio.

A questão das tarifas também compromete a perspectiva dos juros. Em discurso mais cedo, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, disse que incertezas ligadas ao impacto de tarifas e de tensões geopolíticas exigem que o BCE seja “extremamente prudente” na condução da política monetária. O BCE divulga nesta quinta a ata de sua reunião de março, quando cortou suas principais taxas de juros em mais 0,25 ponto porcentual.

Com as atenções voltadas para o tarifaço de Trump, dados econômicos europeus ficaram em segundo plano. Os PMIs de serviços referentes a março da Alemanha e da zona do euro como um todo foram revisados para cima, mas o do Reino Unido sofreu revisão para baixo./AFP e Broadcast

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