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Bolsonaro recebe representantes da Buser fora da agenda em evento de programa de alunos militares 

Atividade da empresa, que faz a intermediação entre usuários e empresas de fretamento, bate de frente com a atuação de companhias de ônibus e com a regulamentação do setor

Foto do author Eduardo Gayer

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro abriu as portas do Palácio do Planalto nesta segunda-feira, 14, para representantes da Buser, startup com forte interesse em modular a regulamentação de serviços de transporte rodoviário de passageiros no Brasil. Intermediado pela deputada federal Alê Silva (Republicanos-MG), o encontro não estava na agenda oficial de Bolsonaro. A legislação obriga que todos os compromissos do presidente sejam informados na agenda. 

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A Buser é uma plataforma que faz a intermediação entre usuários e empresas de ônibus, um fretamento coletivo que levou a empresa a ser conhecida como "Uber de ônibus". A atividade, contudo, bate de frente com o monopólio e os interesses de grandes e tradicionais empresas de viagens de ônibus. Em situação de insegurança jurídica, a startup enfrenta disputas judiciais em tribunais estaduais pelo País para manter suas atividades.

No ano passado, o Congresso aprovou lei que pode restringir a entrada de empresas no setor, mas o texto ainda não foi regulamentado pelo Executivo. A Buser tenta construir nos bastidores entendimento para que a gestão Bolsonaro não delegue à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) o poder de conceder novas autorizações. A companhia considera o órgão ligado às empresas tradicionais de ônibus, que têm forte lobby no Congresso e acesso direto a caciques como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o senador Acir Gurgacz (PDT-RO), cujas famílias têm empresas no setor. Ambos já negaram que a atuação deles foi em prol das próprias famílias.

Jair Bolsonaro, presidente da República;Buser já é colaboradora do projeto Pátria Voluntária, capitaneado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro Foto: Joédson Alves/ EFE

Em busca de se aproximar do governo federal para garantir as operações, a Buser já é colaboradora do projeto Pátria Voluntária, capitaneado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro. Para o evento de hoje, a empresa fez o transporte de alunos de uma escola militar do interior de Minas Gerais para conhecerem Bolsonaro. Conseguiu, desta forma, deixar seus representantes frente a frente com o presidente.

De acordo com relatos de presentes na reunião, Bolsonaro fez uma sinalização positiva à Buser, embora não tenha se comprometido com qualquer mudança regulatória: o presidente disse que sua gestão é pró-liberdade do mercado.

Procurada pela reportagem, a Buser negou que tenha tratado com Bolsonaro sobre a regulamentação do setor de ônibus. "Com relação à agenda no Palácio do Planalto, a Buser realizou o transporte de alunos da Divisão de Ensino Nacional das Escolas Militares (Denacem) a pedido da deputada federal Alê Silva. Não houve nenhuma conversa sobre demandas da empresa", informou a startup em nota. "A Buser apoia diversos projetos e ações sociais em todo o País, independentemente de partidos políticos ou governos."

Ao Estadão/Broadcast, o gerente de políticas públicas da empresa, Gabriel Borges, disse que a Buser "trabalha pela igualdade de concorrência entre players do mercado, bem como pela regulamentação da atividade no País".

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A Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do governo também foi procurada para comentar o encontro e o porquê de o compromisso não constar na agenda de Bolsonaro, mas não respondeu até o momento.

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