BRASÍLIA - Dois dias antes de terminar o prazo para a sanção do Orçamento de 2022, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida a concessão de reajuste salarial aos servidores públicos federais, inclusive de categorias da área da segurança, que são uma de suas bases eleitorais.
"Reconheço o trabalho dos servidores, que eles merecem um reajuste. Não tem folga no Orçamento para o corrente ano. Conversei com o pessoal sobre o Orçamento para o ano que vem. Sei que está bastante longe ainda, mas, por ocasião da feitura do mesmo, obviamente que os servidores serão contemplados com o reajuste salarial merecido", disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan.
No relatório final da peça orçamentária, aprovado no Congresso em dezembro, foi incluída uma previsão de R$ 1,7 bilhão para aumento de remuneração do funcionalismo. O relator da matéria, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), não especificou qual categoria seria beneficiada, mas Bolsonaro prometeu atender a Polícia Federal (PF), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Departamento Penitenciário Nacional (Depen). "Há uma grita, de maneira geral, porque a intenção inicial foi essa, sim, não vou negar", afirmou o presidente.
"Estamos aguardando o desenlace das ações. Ou seja, a gente pode fazer justiça com três categorias, não vai fazer justiça com as demais, sei disso, mas fica aquela velha pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?", questionou Bolsonaro.
O chefe do Executivo disse que o "tempo vai dizer" qual decisão será tomada e ressaltou que não quer "cometer injustiça" com os servidores. Bolsonaro tem sido pressionado por aliados a recuar e não conceder reajuste a nenhuma categoria. A promessa de aumentar a remuneração apenas dos policiais federais gerou insatisfação no funcionalismo público, que se mobilizou.
Diante do impasse, o presidente já havia admitido que talvez não concedesse reajuste a nenhuma categoria. "Primeiramente, não está garantido o reajuste para ninguém. Tem uma reserva de R$ 2 bilhões que poderia ser usada para a PF e a PRF, além do pessoal do sistema prisional. Mas outras categorias viram isso e disseram 'eu também quero', e veio essa onda toda", afirmou Bolsonaro, em 8 de janeiro.
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