O mercado de capitais brasileiro deve retomar as atividades no início de setembro, segundo o diretor de Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros. Para ele, as empresas estão postergando ofertas somente por causa do atual momento de incertezas e alta volatilidade, que deve mudar até o fim do ano. "É um momento circunstancial natural, pois o mercado internacional de capitais está virtualmente parado. Mas a partir de 10 de setembro as coisas começam a voltar a uma certa normalidade", disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.Ele ressalta que a janela de oportunidade nos mercados emergentes não foi fechada, e que há possibilidade de companhias irem a mercado ainda neste ano. "Não há uma parada súbita de capitais como muita gente erroneamente sugere. Seria totalmente precipitado dizer que as ofertas ficarão para o ano que vem. Muitas operações estão no pipeline aguardando a melhora do mercado. Nomes importantes do Brasil certamente irão a mercado tão logo essa volatilidade se reduza, é natural aguardar um momento mais oportuno", afirmou.Barros acredita haver uma confusão entre reprecificação de ativos de emergentes e fechamento de mercado para emergentes. "São coisas completamente diferentes. Ainda há apetite importante para os países emergentes, mas claro que não no momento de grande incerteza global", comentou.Como exemplo "emblemático" disso o executivo citou a emissão de bônus da Bolívia, de dez anos, que pagou 6,5%, e foi considerada bem sucedida. "É um país com risco bem pior que Brasil. Seria uma temeridade sugerir que o mercado internacional está fechado para emergentes, é apenas um momento", reforçou.Ele destacou ainda que a taxa de rolagem brasileira está "bem acima de 100%" e "vai continuar assim". Barros também disse que há de fato um deslocamento de capitais para a economia americana, mas que tudo reflete o momento de alta volatilidade combinado com as férias no hemisfério norte. O executivo esteve presente no XI Encontro Nacional da Comunidade SCA.
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