RIO - O Brasil vai precisar investir de R$ 3 trilhões a R$ 3,5 trilhões em infraestrutura nos próximos dez anos, segundo cálculos dos técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Parte significativa desse investimento deverá ser feita em energia, sobretudo face à demanda das usinas de moléculas de hidrogênio, que devem ser o motor de transição nas próximas décadas, disse a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudanças Climáticas do banco, Luciana Costa.
Nos últimos 20 anos, segundo ela, foram investidos, R$ 1 trilhão em infraestrutura, o que denota, ao mesmo tempo, a necessidade de alavancar esse volume e certa capacidade para fazê-lo. As afirmações ocorreram no seminário Financiamento para o grande impulso para a Sustentabilidade, organizado pelo BNDES em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e a Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES), da Alemanha.
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Em rápida apresentação, Luciana Costa disse que o País vai precisar de R$ 520 bilhões somente para a expansão da geração de energia e R$ 1 trilhão para financiar usinas de hidrogênio verde.
A expansão da eletromobilidade, um dos focos do banco conforme o presidente Aloizio Mercadante, vai exigir R$ 263 bilhões, o que deve contemplar no curto e médio prazos a indústria de ônibus elétricos. Outros R$ 400 bilhões em investimentos ainda serão necessários para viabilizar a expansão planejada do saneamento básico.
“Como pensar isso sem ter um grande banco de fomento? Se o BNDES não fomentar, o mercado privado sozinho não vai conseguir. O BNDES não vai competir nem com o mercado de capitais, nem com os bancos privados. Na verdade, se o BNDES entrar, as outras fontes vão ter mais negócios para fazer”, disse.
Segundo ela, apesar da taxa básica de juros alta (13,75% ao ano) e de “ventos macroeconômicos contrários”, o BNDES vai voltar a escalar desembolsos. “Em 2022, desembolsamos R$ 42 bilhões para infraestrutura e energia. Em 2023, a expectativa é de R$ 47 bilhões”, disse.
A diretora repetiu Mercadante ao dizer que, para fazer frente ao potencial das usinas de hidrogênio, será preciso dobrar a capacidade de geração de energia limpa do País.
“Essa reindustrialização é verde e tecnológica, exatamente porque temos as vantagens competitivas já estabelecidas na nossa matriz. O hidrogênio verde não é uma falácia”, afirmou. “Ele não vai resolver todos os problemas, mas vai viabilizar a transição no transporte de longa distância, navegação, cimento e siderurgia”, completou.
Conforme Costa, o País será um dos mais competitivos na área, com produção em larga escala e potencial para desenvolver uma molécula mais barata que o hidrogênio azul, com base em energia termelétrica.
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