MANAUS - O governo brasileiro tem a expectativa de que o Programa Norte Conectado - que está colocando 12 mil quilômetros de fibra óptica nos rios da Amazônia - seja expandido para os países vizinhos da região, inclusive, criando uma nova rota de tráfego de dados através do Oceano Pacífico.
Atualmente, a cidade de Fortaleza concentra quase todos os cabos de fibra óptica submarinos que chegam ao Brasil vindos da Europa, América do Norte e África, conectando a internet nacional à do restante do mundo.
Na visão do governo, é importante ter um novo ponto de acesso por meio da rota de cabos que atravessa o Pacífico e países como Colômbia, Peru e Bolívia, por exemplo.
“O problema de termos praticamente só uma saída internacional é que caso os cabos dessas rotas tenham algum problema, nós ficamos mais sujeitos a um apagão de internet”, explica o superintendente da Anatel, Vinícius Caram. “Ter mais uma rota pelo Pacífico é uma coisa estratégica para a segurança nacional.”
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está preparando um evento com as agências regulatórias internacionais para setembro. “Vamos chamar os representantes dos demais países para discutir esse tema”, conta o conselheiro da Anatel Moisés Queiroz Moreira.
Dentro desse contexto, o governo tem o objetivo de prolongar as redes de fibra que estão sendo colocadas nos leitos dos rios da Amazônia até os países vizinhos. O primeiro acordo de intenções nesse sentido já foi firmado com a Colômbia.
O pacto binacional foi fechado entre o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e o ministro da pasta equivalente da Colômbia, Mauricio Lizcano, durante encontro no início de julho, em Brasília.
O acordo prevê que a cidade colombiana de Letícia possa fazer um prolongamento da infovia 02 que será implementada nos próximos meses no Brasil, no trajeto que vai de Tefé (AM) até Tabatinga (AM), município na fronteira entre os dois países.
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“Sempre foi um dos objetivos do Programa Norte Conectado, desde a sua concepção, a integração, via internet, dos países vizinhos que compõem a Amazônia”, afirma o diretor do Departamento de Infraestrutura e Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, Rômulo Barbosa.
Segundo ele, a pasta já tem estudado a integração com outros países, entre eles a Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Peru, levando em conta também que já existem empresas brasileiras de telecomunicações em algumas cidades nas zonas de fronteira.
“O cenário de integração na região amazônica com o Programa Norte Conectado, e com outras iniciativas transfronteiriças, já está se transformando. Em breve, mudará radicalmente a oferta de serviços de telecomunicações na região, com melhorias significativas de qualidade e reduções drásticas de seu custo para a população em geral”, afirma Barbosa.
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