NOVA YORK, SÃO PAULO e BRASÍLIA - O governo brasileiro conseguiu alavancar R$ 45 bilhões em financiamentos a projetos sustentáveis na primeira operação do EcoInvest. Trata-se de um programa de hedge cambial (proteção a variações do dólar) e que visa a atrair recursos para projetos sustentáveis de longo prazo, lançado em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os recursos já alcançados foram mobilizados a partir de um aporte de R$ 7 bilhões no instrumento de blended finance, descrito como uma Parceria Público-Privada (PPP) do crédito — ou seja, um financiamento que combina capital público e privado. O anúncio da primeira operação foi feito nesta sexta-feira, 18, durante o lançamento, em São Paulo, do programa Acredita, que tem no EcoInvest uma de suas linhas.
O presidente do BID, Ilan Goldfajn, classificou o primeiro leilão como “muito encorajador” por confirmar o interesse do mercado pelo instrumento.
Lançado em parceria com o BID em novembro do ano passado, o EcoInvest oferece proteção cambial a investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis de longo prazo. O mecanismo é uma das apostas da equipe econômica para reduzir riscos associados à volatilidade do câmbio e, com isso, atrair mais capital externo.
O ministro fez referência à primeira operação do Ecoinvest ao salientar que o Acredita cobre desde o brasileiro de baixa renda, que está no Bolsa Família, ao megaempresário, que precisa de hedge cambial. A cada R$ 1 do setor público, os financiadores do setor privado entram com no mínimo R$ 6 para que os recursos sejam viáveis a juros baixos nos empreendimentos da agenda de transformação ecológica.
“Vale para SAF (combustível sustentável de aviação), vale para economia circular, vale para biocombustível, vale para energia eólica e solar, vale para qualquer coisa que tenha a ver com o futuro deste País e que está na transformação ecológica”, explicou o ministro ao falar da destinação dos recursos. “Nós não estamos falando da velha indústria, estamos falando da coisa mais moderna que tem no mundo, e o Brasil tem que participar do que tem de mais moderno do mundo. Senão, vamos ficando para trás”, acrescentou.
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Para o presidente do BID, o Ecoinvest é uma inovação importante para o Brasil, podendo ser também um modelo para outros países. “O EcoInvest está gerando um grande interesse em outros países. Há uma busca para mitigar os riscos cambiais e atrair mais recursos para os investimentos verdes”, afirmou Ilan, em nota ao Estadão/Broadcast.
Para ele, o resultado do primeiro leilão, tido por ele como “muito encorajador”, ilustra o apetite a este tipo de ferramenta. Além disso, o EcoInvest oferece mecanismos que podem ser adaptados a qualquer contexto, além de ser escalável em qualquer país, avaliou.
“Em particular, a linha de liquidez, ativada em momentos de forte depreciação cambial, proporciona crédito em momentos críticos e oferece aos investidores o tempo necessário para se recuperar”, exemplificou. “A solução para os desafios globais, como o crescimento sustentável inclusivo, passa por inovações financeiras como esta do EcoInvest”, concluiu Ilan.
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