PEQUIM - Com o lançamento dos primeiros bônus verdes ou sustentáveis soberanos do Brasil previsto para até o fim do ano, a secretária de Assuntos Internacionais do ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, aproveitou sua passagem por Pequim para convidar os chineses a investir no novo instrumento de dívida do governo.
“O Brasil planeja lançar ainda em 2023 os primeiros bônus verdes ou sustentáveis soberanos”, afirmou a secretária ao participar de um seminário sobre desenvolvimento sustentável realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com o Centro para China e Globalização, como parte dos eventos da agenda da missão brasileira na China.
“Já convidamos investidores chineses a aproveitar essa oportunidade”, disse Tatiana no evento. Os seminários empresariais foram mantidos em Pequim apesar do cancelamento da visita de Estado do presidente Lula à China por motivo de saúde.
Segundo a secretária, as linhas gerais do novo bônus soberano, cujo foco serão investimentos sociais e ambientais, serão apresentadas ainda no primeiro semestre pelo Tesouro. Tatiana elogiou a atuação chinesa nas finanças verdes e sustentáveis por meio de políticas que chamou de essenciais, como o desenvolvimento do mercado de crédito de carbono.
O Brasil tem interesse, conforme a secretária, em aprofundar o intercâmbio com os chineses em torno das políticas de desenvolvimento, sendo que um memorando de entendimento nesta frente deve ser assinado “em breve” pelo ministério da Fazenda com Pequim.
Diante do que chamou de um ambiente internacional “mais difícil e complexo” no pós-pandemia, Tatiana Rosito defendeu uma maior cooperação entre Brasil e China no combate, via regulações, do protecionismo ambiental no comércio.
Representante da Fazenda na missão brasileira com o cancelamento da ida à China do ministro Fernando Haddad, a secretária de assuntos internacionais manifestou ainda que o Brasil conta com os investimentos chineses para participar da reorganização das cadeias globais de produção. Entre as áreas de interesse citou hidrogênio verde, bioeconomia, automóveis elétricos, energia renovável e semicondutores. “Nesse sentido, esperamos que as parcerias com empresas chinesas possam facilitar a participação brasileira no massivo fluxo de investimentos na produção industrial e desenvolvimento sustentável que ocorre no mundo”, declarou a secretária.
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