MARRAKESH - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil vai cumprir as metas primárias e que isso será possível por meio de medidas adicionais de receitas. Em posicionamento do Comitê do Fundo Monetário Internacional (IMFC, na sigla em inglês), ele reiterou o compromisso do País em zerar o déficit primário até o fim de 2024 e entregar um superávit de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, último ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Haddad, as metas serão alcançadas com medidas adicionais para engordar as receitas do governo, mas sem reverberar em aumento de impostos. O objetivo do governo é recuperar o peso de 19% no Produto Interno Bruto (PIB).
“Como resultado, a confiança na sustentabilidade da dívida do Brasil melhorou, com duas das três principais agências de classificação de crédito elevando a classificação ou perspectiva da dívida do Brasil este ano”, lembra Haddad.
O compromisso do ministro vem no mesmo dia que o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou as projeções fiscais para o País. Ainda assim, o organismo não vê o País alcançando as metas traçadas pela equipe de Haddad.
O FMI espera que o Brasil apresente déficit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, voltando ao vermelho após apresentar superávit nos últimos dois anos. Para 2024, o organismo ainda vê o País no negativo, com um déficit primário de 0,2% do PIB. O Brasil colocaria as suas contas em dia somente em 2025, quando deverá entregar superávit primário de 0,2%, segundo o FMI. A partir daí, o Fundo vê o País no azul até 2028.
‘Brasil superou expectativas’
Haddad reforçou que o Brasil superou as expectativas do mercado e de organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) com a melhora que vem apresentando em termos de crescimento econômico. Na mesma tônica, disse que a inflação também tem caído mais rápido do que as expectativas, o que influenciou nas perspectivas futuras e permitiu que os juros caíssem no Brasil.
“A economia do Brasil superou as expectativas, com crescimento resiliente e queda da inflação”, afirmou.
Nesta semana, o FMI anunciou nova elevação da perspectiva de crescimento do Brasil neste ano, que deve avançar 3,1% — ante 2,1% pela estimativa anterior, divulgada em julho.
Uma das molas propulsoras para o crescimento do País são ainda as recentes medidas na área de crédito e no mercado de capitais, segundo Haddad. Como exemplo, ele cita o programa Desenrola, de ajuste de dívidas inadimplentes, e ainda a agenda de competição financeira e inclusão do Banco Central (BC), com o Pix, sistema de pagamento instantâneos, dentre outros.
Haddad afirmou ainda que o Brasil “está pronto para liderar a economia verde” e que a transição para um ambiente de emissão zero é uma chance de criar empregos e melhorar a renda. Dentro do plano de transformação ecológica, o ministro brasileiro acrescentou que o processo para primeira emissão de green bonds, títulos de dívida com critérios sustentáveis, do Brasil “está avançado”.
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