MARRAKESH (Marrocos) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) traçou um cenário menos pessimista para a situação fiscal do Brasil, mas não acredita ainda que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai conseguir entregar a meta que prometeu, de voltar as contas ao azul até o fim de 2024. Em termos de endividamento, a expectativa também melhorou, mas a dívida segue crescendo e elevada e só perde para países como Egito e Argentina.
O FMI espera que o Brasil apresente déficit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, voltando ao vermelho após apresentar superávit nos últimos dois anos, conforme o relatório Monitor Fiscal, publicado nesta quarta-feira, 11, em meio às reuniões anuais do Fundo e que acontecem em Marrakesh, no Marrocos. Em 2022, ficou positivo em 2,1%. Apesar disso, a nova estimativa é melhor do que a anterior, que indicava déficit de 2,0% do PIB brasileiro.
“As projeções fiscais para 2023 refletem a atual política [do País]”, diz o Fundo, em relatório.
Para 2024, o organismo ainda vê o País no negativo, com um déficit primário de 0,2% do PIB. O Brasil colocaria as suas contas em dia somente em 2025, quando deverá entregar superávit primário de 0,2%, segundo o FMI. A partir daí, o Fundo vê o País no azul até 2028.
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Dívida sobe menos
Quanto à dívida brasileira, o FMI também fez melhoras em sua projeção, mas segue pessimista. O Fundo, que leva em conta os títulos do Tesouro detidos pelo Banco Central (que não são considerados na contabilidade do governo brasileiro), espera que a proporção dívida versus o PIB do Brasil também volte a crescer neste ano, para 88,1% contra projeção anterior de 88,4%. Trata-se de um dos principais indicadores de solvência de um país e avaliado de perto pelas agências de classificação de risco. No ano passado, foi de 85,3%.
Ainda que cresça menos, o Brasil seguirá com uma das maiores dívidas em relação ao seu PIB. Conforme os cálculos do FMI, o País só não perde para economias como Argentina, que tem um programa bilionário junto ao Fundo, e Egito.
À frente, a expectativa do organismo é ainda mais cética. A proporção da dívida versus o PIB brasileiro deve chegar a 90,3% em 2024 e 96,0% em 2028, projeta o Fundo.
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