Brasil pode estar em ‘um piquenique à beira de um vulcão’, diz Stuhlberger, gestor de investimentos

CEO da gestora de ativos da Verde Asset avalia que o recuo do dólar tira pressão do preço dos alimentos, mas situação da dívida pública ainda preocupa

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Atualização:

O CEO da Verde Asset Management, Luis Stuhlberger, avalia que o cenário atual no Brasil é de “piquenique à beira de um vulcão”, com o dólar se acalmando, caindo abaixo dos R$ 6,00, na falta de más notícias, mas com a situação fiscal muito ruim e com tendência de piora nos indicadores da dívida pública.

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Esse momento de “piquenique à beira de um vulcão” pode até continuar, disse Stuhlberger em evento do UBS com investidores e empresários. E, para isso, nem é preciso ter boas notícias, ressaltou o gestor. “É só não virem mais notícias ruins”, disse, citando o recesso em Brasília. Foi isso, segundo ele, que fez a moeda americana baixar para a casa dos R$ 5,86 nesta tarde de terça-feira, 28.

Porém, essas notícias ruins têm “dia e hora” para chegar, disse Stuhlberger citando indicadores fiscais. De 2024 a 2026, o País terá déficits nominais da ordem de 10% do Produto Interno Bruto (PIB), o que é insustentável se for mantido por muito tempo.

Com os juros maiores, e subindo, e o PIB crescendo na casa dos 2% este ano, a sustentabilidade da dívida fica em xeque. “Alguma coisa vai ter de acontecer.”

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Luis Stuhlberger, sócio-fundador e presidente da Verde Asset Management Foto: Iara Morselli/ Estadão - 11/12/2019

O governo Lula deve terminar o mandato com dívida/PIB na casa dos 85%, outro número que preocupa, por ser um dos maiores dos emergentes. É bem acima dos 60% do PIB da crise fiscal de Dilma Rousseff.

“Como a gente cresce acima do potencial, tem inflação, e aí tem que subir os juros”, disse Stuhlberger. O problema é que a inflação é de alimentos, que tira o sono do governo, enquanto a de serviços tira o sono do Banco Central. A boa notícia é que o dólar em queda ajuda a tirar pressão dos preços dos alimentos.

A expectativa com Galípolo

Sobre a primeira reunião de política monetária do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a expectativa é de que ele não aumente o guidance (tendência) de alta dos juros em 100 pontos-base, deixando essa discussão para a ata.

Ao mesmo tempo, com a esperada desaceleração da economia que virá dos juros mais altos, um conflito com o Planalto pode surgir mais para frente. “O desafio vai ser o BC manter as taxas de juros altas na medida em que o PIB vai começar a desacelerar. Isso vai gerar problema político com o Lula e com a base do PT, mas não acho que seja agora.”

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Já a transição de presidência do BC foi muito bem feita, disse o gestor. “Perto do que a gente esperava, foi muito melhor.”

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