Brasil se ajusta à nova expectativa

Aumento dos juros nos Estados Unidos terá efeitos diretos sobre os preços dos ativos financeiros de todo o mundo. Investidores no Brasil antecipam ajustes de carteiras.

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Por Agencia Estado
Atualização:

Toda vez que aumenta os juros, o FED torna mais atraentes os investimentos em títulos do governo norte-americano. Então, há um fluxo dos investimentos para estes papéis. Parte deste dinheiro vem das aplicações em Bolsas de Valores. Com juros mais altos, muitos investidores se sentem tentados a deixar de lado o risco das ações. O preço das ações também perde pelo fato de que o crédito fica mais caro, o que prejudica a empresa tanto do ponto de vista de seus investimentos quanto do lado de suas vendas, que caem junto com a retração do consumidor. No Brasil, os efeitos sobre as Bolsas são semelhantes, no que se refere à saída de capital volátil, de curto prazo, das ações brasileiras para os títulos norte-americanos. Quanto maior o juro, pior para as Bolsas. Mas o efeito não para aí. Os Estados Unidos emitem dólares. Uma taxa de juro mais alta lá até valoriza a moeda norte-americana nos mercados internacionais. No Brasil, por sua vez, o dólar também tende a subir. Eis o risco. Como o Brasil ainda é muito dependente de capital externo para fechar suas contas, uma alta expressiva do dólar pode ter efeitos desastrosos sobre toda a economia. Basta lembrar o clima de tensão que o país viveu durante a mudança de política cambial em janeiro do ano passado, quando o dólar chegou a subir mais de 60% em poucos dias. Uma explosão do dólar teria custos muito altos para o país, como forte pressão na inflação - via preços importados - e um elevado grau de inadimplência para as empresas que devem em dólar, e não têm proteção. Juros brasileiros sobem E ainda existem outros riscos. Uma situação de forte oscilação do dólar tem o poder de desarrumar toda a economia, paralisando investimentos, compras e estratégias de longo prazo. Justamente por conta deste risco que o governo brasileiro acaba ficando com uma alternativa dolorida, que é o aumento dos juros. Pagando juros mais altos, o Brasil também pode tentar atrair o investidor internacional, na disputa com os títulos norte-americanos. É claro que somente a alta dos juros não resolve. É preciso uma série de ajustes estruturais - que são necessários de qualquer forma, mas se tornam mais importantes em momentos de crise. É o caso de maior ajuste nas contas públicas, com corte de gastos, e uma política de comércio exterior que favoreça as exportações, e a capacidade que o País tem de gerar dólares, para diminuir sua dependência pelo capital externo. Mas, de qualquer forma, uma alta dos juros nos Estados Unidos tende a pressionar o governo brasileiro a também subir suas taxas, ou, no mínimo, impedem que os juros brasileiros voltem para sua trajetória de queda. É por isso que o mercado financeiro está reagindo. Na prática, é uma antecipação dos efeitos que os analistas acreditam ser inevitável no próximo dia 16 de maio. Daí os investidores exigirem juros prefixados maiores, o dólar ter subido e as ações terem perdido valor. Para saber como foi o dia ontem, no mercado financeiro, veja os links abaixo.

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