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Brasileiro aumenta despesa com alimentação fora de casa

Do total de despesas das famílias com comida, 32,8% dos gastos foram feitos na rua, de acordo com levantamento do IBGE sobre orçamento doméstico

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RIO - Os brasileiros estão comendo mais fora de casa. As famílias gastaram, em média, R$ 658,23 mensais com alimentação, sendo 67,2% (R$ 442,27) com alimentos consumidos no domicílio e os demais 32,8% (R$ 215,96) com alimentação na rua, ou seja, em restaurantes, bares e lanchonetes País afora. Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Em uma década, cresceu a proporção de recursos destinados à alimentação fora do domicílio: passando de 31,1% do total destinado à alimentação na POF de 2008-2009 para 32,8% em 2017-2018. Entre as famílias que moram em áreas urbanas, essa fatia destinada à alimentação fora de casa subiu de 33,1% para 33,9% no período. O salto foi maior entre as famílias de áreas rurais, de 17,5% para 24,0%.

“Pode ser que o desenvolvimento das áreas rurais tenha contribuído. Estão chegando mais estabelecimentos nessas áreas, mais lugares para as pessoas fazerem refeição fora do domicílio”, justificou André Martins, gerente da POF no IBGE.

Famílias brasileiras gastam mais com comida fora de casa. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No entanto, o fenômeno também pode ter contribuição de mudanças no mercado de trabalho, com mais mulheres ocupadas fora de casa ou simplesmente mais pessoas da família trabalhando fora do domicílio, acrescentou Martins.

Entre a POF 2008-2009 e a POF 2017-2018, a única região com queda no porcentual de recursos destinados à alimentação fora do domicílio foi a Sudeste: de 37,2% para 34,2%.

As famílias com menor proporção de gasto com alimentação fora de casa foram as da Região Norte (21,4%), enquanto os habitantes do Centro-Oeste registraram a maior fatia (38,0%). No Centro-Oeste, a despesa média mensal familiar com alimentação fora do domicílio foi de R$ 277,68, 133,8% a mais que o gasto no Norte (R$ 118,79), o menor do País.

Mudanças de hábito mexem com cálculo da inflação

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As mudanças nos hábitos de consumo das famílias brasileiras captadas pela POF servirão de parâmetro para recalcular o peso dos itens pesquisados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no País. O IBGE divulgará na próxima sexta-feira, 11, a nota técnica com as futuras mudanças no cálculo do IPCA. A inflação passará a ser calculada sob a nova metodologia apenas em janeiro do ano que vem, com divulgação prevista para o início de fevereiro.

Na comparação entre as faixas de renda, as famílias com rendimentos mais baixos, que recebiam até R$ 1.908,00 mensais, destinavam 20,6% de despesa com alimentação para refeições fora de casa e 79,4% para alimentos a serem consumidos no domicílio. Entre as famílias mais ricas, com rendimentos acima de R$ 23.850,00, a fatia destinada à alimentação fora do domicílio foi de 50,3%, superando a proporção destinada à alimentação em casa, que recebeu 49,7% de todos os recursos destinados à compra de alimentos.

O valor despendido em alimentação pelas famílias mais ricas foi mais de seis vezes maior que o gasto das famílias mais pobres com alimentos.

A despesa dos mais ricos com alimentação no domicílio foi quase quatro vezes maior que o valor despendido pelos mais pobres. Quanto à alimentação fora do domicílio, as famílias rendimentos mais altos gastaram 15,3 vezes mais que o total despendido pelas famílias mais pobres.

Brasileiro enxuga gasto com gastos com carnes e cereais

Na última década, os brasileiros gastaram menos do orçamento com carnes, cereais, farinhas e massa, leites e derivados, e óleos e gorduras. No entanto, ganharam importância na alimentação das famílias os legumes e verduras, frutas, aves e ovos, bebidas e alimentos preparados.

Vende de produtos orgânicos na região central de São Paulo. Foto: Rafael Arbex/Estadão - 24/4/2018

Nas despesas com alimentos para consumo no domicílio, a participação do grupo de cerais, leguminosas e oleaginosas caiu de 8,0% na POF anterior, de 2008-2009, para 5% em 2017-2018. A fatia destinada ao consumo de óleos e gorduras recuou de 2,3% para 1,7%, enquanto os recursos despendidos com carnes, vísceras e pescados - grupo de maior participação nas despesas - desceu de 21,9% para 20,2%.

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A participação de Farinhas, féculas e massas encolheu de 4,6% em 2008-2009 para 3,6% em 2017-2019; leites e derivados, de 11,5% para 10,6%; panificados, de 10,4% para 10,3%.

A participação do grupo bebidas e infusões subiu de 9,7% em 2008-2009 para 10,6% em 2017-2018. O grupo de alimentos preparados evoluiu de 2,9% a 3,4%; legumes e verduras, de 3,3% para 3,6%; frutas, de 4,6% para 5,2%; e aves e ovos, de 6,9% para 7,6%.

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