Brics estuda adoção de moeda comum, diz Lula

‘O que nós queremos é criar uma moeda que permita que a gente faça negócio sem precisar comprar dólar’, disse o presidente brasileiro

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Foto do author Caio Spechoto
Por Sofia Aguiar e Caio Spechoto (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, confirmou que a Cúpula do Brics resolveu criar uma moeda para facilitar as trocas comerciais entre os países membros do bloco, que tem como membros criadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ao dizer que não tem pressa, Lula destacou que as nações integrantes do bloco se comprometeram a estudar sobre a possibilidade e retomar a discussão na próxima reunião do grupo.

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“Ninguém quer mudar a unidade monetária do país. O que nós queremos é criar uma moeda que permita que a gente faça negócio sem precisar comprar dólar”, disse o presidente brasileiro, em entrevista coletiva após a Cúpula do Brics, que ocorreu nesta semana na África do Sul. “Nós resolvemos criar uma moeda, porque isso facilita a vida das pessoas, mas nós não queremos pressa porque não é uma coisa simples de fazer.”

De acordo com ele, a área econômica de cada país membro fará estudos para que propostas sejam apresentadas na próxima reunião da cúpula, no ano que vem. “Acho muito importante a gente se preocupar em criar uma certa paridade em trocas comerciais.”

Ampliação do bloco

O presidente do Brasil justificou que os novos países que foram convidados formalmente para integrar o bloco são nações que haviam pedido a adesão “há muito tempo”. Lula disse não querer saber do “pensamento ideológico que tem o governante” das nações convidadas, mas se os países estão dentro dos critérios para adesão ao bloco.

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Em entrevista coletiva, Lula disse que as reuniões dos últimos dias foram das mais importantes que já participou em todos os seus três mandatos e comparou a expansão do Brics como um pai acompanha o filho crescer. “Quando criamos o Brics, muita gente achava que era uma piada, não levava a sério [o bloco]”, afirmou. “O Brics era uma coisa diferente porque tinha interesse comum entre os países.”

A expansão do bloco, para Lula, é um avanço. “As pessoas que foram escolhidas já estavam pedindo há muito tempo para entrar no Brics. Não foi de forma aleatória, que entrou fulano ou beltrano. É porque eram as pessoas que estavam na fila há muito tempo pedindo e reivindicando”, disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de entrevista coletiva após a Cúpula do Brics Foto: Phill Magakoe / AFP

“O que está em jogo aqui não é a pessoa do governo, é o país, é a importância do país. Não quero saber que pensamento ideológico tem o governante, quero saber se o país está dentro dos critérios que estabelecemos para fazer parte do Brics”, afirmou Lula.

O brasileiro disse que outros países vão pedir para entrar no bloco e será feita uma avaliação “seletiva e criteriosa”, escolhendo as nações de acordo com a importância política.

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Na fala, Lula também falou sobre a necessidade de reorganizar o Mercosul e Unasul para fortalecer os blocos. “Pelo menos com garantia que [o bloco] vai ser tratado em igualdade de condições e não com a prepotência do senhor de engenho contra o escravo”, criticou o presidente, em referência ao domínio dos países da região Norte do planeta. “Veja a mudança de nome, que pomposo que é as pessoas agora falarem: ‘Vamos conversar com o Sul global’.”

Os novos membros

Nesta quinta-feira, a Cúpula do Brics decidiu convidar formalmente seis países para se tornarem novos membros: Arábia Saudita, Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã e Etiópia.

A Indonésia, antes na lista, pediu de última hora para que o processo fosse adiado.

A quantidade é menor do que os 23 países que haviam pedido adesão.

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