Burger King: Acionistas consideram que proposta do Mubadala subestima o potencial da rede

Fundo soberano de Abu Dhabi quer assumir o controle da rede de restaurantes no País

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Atualização:

A proposta do Mubadala Capital, gestora que pertence ao fundo soberano de Abu Dhabi, para assumir o controle da Zamp (antiga BK Brasil, operadora do Burger King no País) não foi recebida com entusiasmo por parte dos principais acionistas da rede de restaurantes, de acordo com acionistas e investidores ouvidos pelo Estadão/Broadcast no Brasil e no exterior. O papel fechou o último pregão valendo R$ 6,22, em um patamar próximo às mínimas históricas. A oferta de aquisição de 45,15% dos papéis de emissão da companhia foi proposta a R$ 7,55 por ação, o que representa uma alta de 21,4% ao valor do último fechamento. Se aceita, a operação pode movimentar R$ 940 milhões.

Mas a oferta do fundo do Oriente Médio representou uma queda de mais de 60% em relação à média de preço da ação do Burger King, em R$ 20, em 2019, antes da pandemia, o que deixou um gosto amargo aos acionistas. Caso haja sucesso, a Mubadala Capital, que já tem uma fatia de 5%, passará a deter 50,1% do capital social da Zamp.

Oferta feita pelo fundo não agradou por ser considerado abaixo do que a empresa vale Foto: Paulo Whitaker/Reuters

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“Acreditamos que o preço subestima o valor do negócio”, disse um dos acionistas da rede de fast food. Para esta fonte, a oferta do Mubadala também não leva em conta as perspectivas de alavancagem operacional que o Burger King pode ter com a retomada das vendas após a pandemia.

Para outro acionista, o preço preposto é “irreal”, considerando o potencial da empresa. Esta fonte lembra que na proposta de fusão com a Domino’s, de meados do ano passado, a rede de comida rápida era avaliada a R$ 11,12. Era uma proposta de troca de ações e também houve reações contrárias ao negócio, acrescenta.

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A proposta agora foi feita pela MC Brazil F&B Participações, sociedade que faz parte do portfólio de sociedades, fundos de investimento e negócios indiretamente detidos, controlados ou geridos pela Mubadala Capital LLC e suas afiliadas, por meio de uma oferta pública voluntária para aquisição do controle da companhia (OPA). A Mubadala Capital é a subsidiária de gestão de ativos da Mubadala Investment Company, um fundo de private equity, que administra US$11 bilhões de capital de terceiros em nome de investidores institucionais.

Apetite

Nos Estados Unidos, em outubro do ano passado, o Mubadala Capital adquiriu a K-MAC Enterprises, que opera mais de 300 restaurantes da Taco Bell e representa cerca de 4% de toda a rede da marca. Por aqui, o que teria feito o fundo olhar para a operação nacional do Burger King foi o preço. Os comentários são também de que o Mubadala pode olhar outros negócios no segmento.

Uma fonte ouvida pela reportagem conta que outros fundos de private equity já dão sinais de que devem buscar empresas descontadas na bolsa brasileira pela oportunidade que os preços baixos oferecem no momento. Com o Mubadala, não teria sido diferente.

Resta saber se o conselho da companhia aceitaria uma oferta considerada tão baixa por parte dos acionistas. A empresa disse que os conselheiros emitirão um parecer em até 15 dias.

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Entre os maiores acionistas do Burger King estão Atmos Capital, Vinci, Morgan Stanley, APG Asset Management, Somerset Capital Management e Montjuic Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia.

No pregão desta segunda, a ação do Burger King dispara 18,7% na B3, a R$ 7,36. Considerando o fechamento até sexta, a ação acumula queda de mais de 40%.

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