O setor cafeeiro terá R$ 2,275 bilhões em recursos para a safra 2002/2003. Segundo o ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, R$ 765 milhões serão usados no exercício dos contratos de venda de café. Mais R$ 320 milhões serão destinados aos exportadores de café para substituir os Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACC). Outros R$ 500 milhões estarão disponíveis no plano de safra, recursos que poderão ser usados quando necessário. Pratini acrescenta a esses valores os R$ 690 milhões destinados à estocagem de café. Segundo o ministro, a disponibilidade dos recursos mostra que o governo está preocupado com o setor cafeeiro. "Foi uma orientação do presidente Fernando Henrique a criação de um programa de apoio ao café como forma de preservar o parque cafeeiro nacional", afirma Pratini. "O governo estava acompanhando com preocupação o efeito negativo da queda dos preços somada à superoferta mundial e à maior safra do Brasil e percebeu que era preciso tomar algumas medidas?, completa. Ele lembrou que o setor esteve reunido na semana passada com o presidente Fernando Henrique Cardoso, quando apresentou a situação do setor. "O Brasil poderia comemorar a super-safra de café, mas os preços chegaram a níveis inaceitáveis?, completa. Se os produtores de café exercerem as opções que comprarem do governo, o produto só será devolvido ao mercado em momentos de escassez, esclareceu o chefe do Departamento de Café da Secretaria de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Jaime Junqueira Payne. O governo lançou nesta quinta contratos de opção equivalentes a 6 milhões de sacas, com exercício em dezembro deste ano e maio de 2003. Payne afirma que a próxima safra de café deve ser significativamente inferior à atual, mas que o governo ainda não decidiu se o café das opções será devolvido ao mercado já na próxima safra. "Depende também do cenário de preços no mercado externo. A liberação do café das opções dependerá do quadro de oferta e demanda daqui para frente", afirma Payne. Ele diz que o Brasil deve colher cerca de 44,5 milhões de sacas de café na safra 2002/03. "Ainda é cedo para falar na safra seguinte, mas historicamente depois de uma safra boa vem uma safra menor.? Segundo ele, em 1987 o Brasil colheu um volume parecido com o atual, 43 milhões, mas no ano-safra seguinte a produção caiu para 23 milhões de sacas. O governo estima que os recursos disponíveis para os exportadores para substituição dos Adiantamentos dos Contratos de Câmbio (ACC), R$ 320 milhões, serão suficientes para compra de 4 milhões de sacas de café. Com os R$ 690 milhões já liberados pelo governo para estocagem, será possível armazenar 8 milhões de sacas. Com o exercício das opções, outras 6 milhões de sacas poderão estar na mão do governo. O presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Roberto Puliti, considera que as medidas são positivas para o setor. "Mas temos de esperar para ver se os produtores de café serão beneficiados por elas", afirmou. Ele calcula que a expectativa é de melhora nos preços do café no mercado interno, considerando que de uma safra de 44,5 milhões de sacas, 8 milhões de sacas estarão nas mãos dos produtores (programa de estocagem), dos exportadores (substituição do ACC) ou do governo (caso os produtores exerçam as opções).