Uma campanha nas redes sociais desencadeou planos para um “apagão econômico” nos Estados Unidos na próxima sexta-feira, 28. Este é um dos vários boicotes planejados por ativistas com a intenção de enviar uma mensagem às grandes corporações em um momento em que muitos americanos enfrentam dificuldades para lidar com os custos de vida.
A iniciativa pede que os consumidores suspendam todos os gastos, tanto online como presencialmente, por um dia. Seu organizador, o The People’s Union USA, se apresenta como um movimento de base apartidária dedicado à resistência econômica.
Quem é John Schwarz?
John Schwarz é o fundador do People’s Union USA e mora na região de Chicago. O professor de meditação de 57 anos disse que teve a ideia do boicote enquanto buscava uma maneira de agir em resposta ao início turbulento da administração Trump, que tomou medidas agressivas para reduzir o tamanho do governo federal.
“Eles estão desmontando tantas coisas neste país”, disse Schwarz. “Se as pessoas querem agir para promover mudanças que beneficiem a população, o momento é agora.”
Seus posts no Instagram e TikTok — sob o nome TheOneCalledJai — rapidamente viralizaram. Em poucas semanas, ele acumulou 255 mil novos seguidores no Instagram e mais de 100 mil no TikTok. O retorno dos seguidores tem sido “esmagador”, segundo ele, com milhares de comentários e uma campanha no GoFundMe que arrecadou mais de US$ 65 mil.
“Estamos todos exaustos. Estamos todos cansados. Já chega,” disse Schwarz. “Não podemos apenas ficar sentados vendo essas pessoas ostentarem sua riqueza... enquanto estamos em casa, ansiosos e com medo, sem saber como vamos chegar ao fim do mês.”

O que é o apagão econômico?
A iniciativa propõe que os consumidores demonstrem seu poder econômico não gastando dinheiro por 24 horas, a partir das 00h01 de sexta-feira. O objetivo não é afetar o mercado de ações, disse Schwarz ao The Washington Post, mas fazer com que as corporações ao menos parem e prestem atenção.
A iniciativa surge em um momento de preocupação com a economia. O índice de confiança do consumidor caiu em fevereiro, segundo o Consumer Confidence Index da Conference Board, em meio a temores de que novas tarifas alfandegárias piorem a inflação. Os americanos agora esperam que os preços subam mais 4,3% no próximo ano, um ponto percentual acima das expectativas de janeiro — mais que o dobro da meta de inflação de 2% do Federal Reserve.
“Nós somos a economia. Nós somos a força de trabalho,” disse Schwarz. “Eles só lucram porque nós nos levantamos todos os dias e fazemos o que fazemos. Se pararmos, eles não têm nada, e está na hora de aceitarem essa realidade.”
Como participar?
O site do movimento orienta a não gastar dinheiro na sexta-feira. Isso inclui:
- Nada de compras online;
- Nada de pedidos em redes de restaurantes;
- Nada de abastecer o carro.
Se for necessário fazer compras, as pessoas devem preferir pequenos negócios locais. Se possível, devem tirar o dia de folga do trabalho. “Isso é sobre solidariedade e enviar uma mensagem clara: nós temos o poder,” diz o site da organização.
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Boicotes funcionam?
Não está claro qual o impacto real desses movimentos nas finanças das empresas. No entanto, há precedentes: por exemplo, as vendas da Target caíram em 2023 depois que sua coleção do Mês do Orgulho LGBTQIA+ se tornou alvo de polêmicas culturais.
Americus Reed, professor de marketing na Wharton School da Universidade da Pensilvânia, observa que protestos e movimentos organizados “levam tempo” para surtir efeito, especialmente porque os consumidores já lidam com as pressões do dia a dia.
Além disso, ele diz, é difícil distinguir quando campanhas online realmente motivam mudanças ou quando são apenas “sinalizações de virtude” — gestos simbólicos sem impacto prático.
“O teste final é: você está disposto a se incomodar por sua ideologia e protestar contra algo?”, disse Reed. “Para a maioria das pessoas, a resposta é não, especialmente se não podem comprar ovos ou iogurte e têm preocupações mais urgentes.”
Haverá outros ‘apagões econômicos’?
O site do People’s Union USA lista outros boicotes:
- 7 a 14 de março: Amazon (incluindo Whole Foods e compras no Prime);
- 21 a 28 de março: Nestlé (marcas como Nescafé, Toll House, Stouffer’s e Purina);
- 28 de março: “apagão econômico” de 24h contra todas as grandes varejistas;
- 7 a 13 de abril: Walmart
- 18 de abril: “apagão econômico” de 24h contra todas as grandes varejistas;
- 21 a 27 de abril: General Mills (marcas como Betty Crocker, Cheerios, Gold Medal, Green Giant, Pillsbury e Yoplait).
O movimento quer mostrar que os consumidores têm força para influenciar o comportamento das empresas — desde que estejam dispostos a agir.
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