Campos Neto cita avô ao falar de pressões políticas: ‘Me dei por contente em evitar o mal’

Presidente do Banco Central afirmou que Brasil tem inflação abaixo de média internacional diante de surto global de alta de preços

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, citou nesta segunda-feira, 29, o seu avô, o economista e ex-ministro do Planejamento Roberto Campos, ao se referir às limitações de seu cargo frente às pressões políticas. A fala ocorreu durante premiação concedida à autarquia em Fortaleza, no Ceará.

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“Meu avô, no final, falava: ‘Achei que vinha para fazer o bem e me dei por contente em evitar o mal’. Tem um pouco disso na política”, disse.

Campos Neto proferiu uma palestra durante cerimônia de premiação pela inovação voltada ao desenvolvimento econômico, concedida pelo Conselho Regional de Economia do Estado do Ceará (Corecon-CE) e pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE).

Antes de discursar, ele recebeu homenagens de autoridades cearenses, como o ex-governador do Ceará e ex-senador Tasso Jereissati, que disse que o País estaria enfrentando um descontrole inflacionário, com possível impacto na estabilidade institucional, não fosse a “coragem e a resistência” do presidente do BC.

Campos Neto de fendeu ajuste monetário mais rápido do Banco Central para reduzir o custo da inflação para a sociedade Foto: Pedro França/Agência Senado

“Poucos entendem o que devemos ao cara que está ali. Não sabia que você tinha o couro tão grosso”, declarou Jereissati, dirigindo-se a Campos Neto.

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Surto de inflação mundial

O presidente do BC também afirmou que, pela primeira vez, o Brasil atravessa um surto de inflação global com índices de preços abaixo da média internacional.

Ele disse que a situação se deve, em parte, à decisão do BC de começar a subir os juros antes das demais economias. Segundo ele, quando o Banco Central inicia o ajuste monetário mais rápido, o custo para a sociedade é menor.

Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano. Campos Neto vem sendo alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do governo e do PT pela manutenção da Selic no atual patamar.

Em seu discurso, o presidente do BC fez uma retrospectiva do enfrentamento da pandemia, que exigiu uma ação coordenada de estímulos fiscais e monetários para evitar uma depressão, e afirmou que a inflação e seus núcleos estão caindo em vários países emergentes, inclusive na América Latina.

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