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Campos Neto admite ‘proximidade’ com bolsonaristas, mas diz que nunca fez campanha

Presidente do BC diz que alertas da instituição para o risco fiscal também eram feitos durante o governo Bolsonaro e geraram reclamações do ex-ministro da Economia Paulo Guedes

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Por Redação
Atualização:

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, explicou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, 13, que desenvolveu “relações” com ex-ministros do governo Jair Bolsonaro, como o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo ele, é preciso diferenciar “proximidade com algumas pessoas” e “independência” da atuação.

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Na entrevista, ele disse que o País passou por uma eleição muito polarizada e que é importante reconhecer os resultados das urnas. “É importante reconhecer a legitimidade da eleição do presidente Lula, de forma democrática. O Banco Central é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre. E a gente está sempre aberto a trabalhar com o governo, a colaborar. Eu entendo que eles expressam da parte do presidente Lula, eu entendo que existe uma agenda social”, afirmou.

Entre as ações do presidente do BC criticadas por membros do governo Lula estão comparecer à festa de posse do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, integrar um grupo de WhatsApp de ex-ministros de Bolsonaro até não condenar de imediato os atos golpistas de oito de janeiro. Ele disse que “acabou desenvolvendo” relações com ex-ministros, como Tarcísio, nos quatro anos de governo.

Campos Neto assumiu a presidência do Banco Central em 2019, após indicação do então presidente Jair Bolsonaro. Em 2021, com a sanção da Lei Complementar 179, o órgão se tornou autônomo. Os mandatos do presidente do banco e de seus diretores passaram a ser fixos, com duração de quatro anos, não coincidentes com o do presidente da República. Campos Neto fica no cargo até dezembro de 2024.

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Presidente do BC concedeu entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura Foto: Nadja Kouchi/TV CULTURA

O presidente do BC disse que fará o que estiver ao seu alcance para aproximar a instituição do governo. A fala acontece em um momento de escalada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à manutenção da taxa de juros pelo BC em 13,75%. O petista também vem criticando a autonomia do órgão, que já classificou como “bobagem” e prometeu rever ao final do atual mandato.

Ele reforçou sua “independência” como presidente do BC ao lembrar que o banco realizou a maior subida na taxa de juros num ano eleitoral da história do Brasil, duas vezes maior que a ocorrida em 2001. Em apenas cinco meses, a Selic, que começou o ano em 2%, saltou dez pontos percentuais em 2022.

“Se o Banco Central tivesse leniente, se quisesse participar politicamente, não teria subido o juro, teria até feito até uma política para estourar a inflação, mas foi uma coisa que não fez”, lembrou.

Ele afirmou ainda que todo começo de governo é acompanhado de aumento na taxa de juros, com exceção de 2006. Segundo ele, na primeira reunião do governo Lula, o BC apenas manteve a Selic no mesmo patamar.

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“Outra coisa que é importante, a gente tem alertado em todas as atas, o problema fiscal que existe. E era muito comum no passado, quando a gente alertava, em todas as PECs, começou na emergencial, na kamikaze, na PEC dos Precatórios, cada vez que o Banco Central alertava, olha, tem alguma coisa fiscalmente que está gerando ruído, tem uma coisa que viola o teto... Toda vez que o Banco Central fazia isso, o ministro Paulo Guedes, reclamava. A gente vê que isso é um processo.”, disse.

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