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‘Estão me dando uma importância maior do que tenho’, diz Campos Neto

Alvo de críticas de Lula, chefe do BC esteve em evento organizado por Gilmar Mendes em Lisboa e evitou comentar fala do petista sobre necessidade de a autoridade monetária investigar especulações com o dólar

Por Vandson Lima

LISBOA - “Acho que estão me dando uma importância maior do que tenho.” Assim o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, definiu, ao Estadão/Broadcast, as várias especulações sobre seu futuro quando deixar a presidência do BC, no fim deste ano. Ele esteve no Fórum de Lisboa, organizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.

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Na quinta-feira, 27, ainda no Brasil, Campos Neto havia rechaçado notícias de que tenha acordado com Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumir o ministério da Fazenda caso o governador de São Paulo concorra à Presidência e vença o pleito em 2026.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito de Campos Neto um de seus alvos preferenciais de críticas, alegando que o economista “pensa ideologicamente igual” ao governo anterior, de Jair Bolsonaro.

Em entrevista nesta sexta-feira, 28, o petista afirmou que o presidente do BC “não está fazendo o que deveria fazer corretamente” e que pretende escolher um substituto “responsável” para iniciar o mandato no próximo ano.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto Foto: Brendan McDermid/Reuters

Lula também cobrou que o BC deveria abrir uma investigação sobre a especulação com derivativos para valorizar o dólar. “O dólar está subindo porque tem especulação com derivativos”, para enfraquecer a moeda brasileira, disse o presidente. A alta do dólar na quarta-feira, 26, ocorreu no dia em que Lula deu uma entrevista ao portal UOL. A moeda americana voltou a subir nesta sexta após declarações do presidente.

“Eu não posso comentar”, disse Campos Neto, desculpando-se e apertando o passo, com a justificativa de que estava atrasado para pegar um voo para a Basileia, onde participará da reunião anual promovida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês).

Em sua palestra, Campos Neto pontuou que um tema muito debatido entre os banqueiros centrais tem sido a relação entre programas de transferência de renda e crescimento. Ele lembrou que a autoridade monetária avaliou a relação entre programas de transferência de renda e a taxa de participação no mercado de trabalho no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

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“Quando a gente pensa em programa de transferência ideal, ele deve ser temporário, focado e sob medida. Passada a pandemia, a gente vê que isso não se realizou”, disse.

Questionado se era uma crítica ao atual governo brasileiro, que tem as transferências de renda como um dos pilares da gestão, negou. “Não falei de Brasil hoje, foi cenário internacional”, justificou.

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