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Campos Neto: ‘Se juros estão tão altos, como as condições financeiras estão tão frouxas?’

Presidente do BC afirmou que essa é uma das grandes preocupações compartilhadas por outros bancos centrais no mundo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 10, que a grande questão hoje, compartilhada por outros bancos centrais pelo mundo, é o porquê das condições financeiras estarem tão frouxas se os juros estão tão altos.

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O banqueiro central frisou que a inflação de serviços segue acima da meta e o mercado de trabalho apertado em muitos lugares. Ele ponderou que, apesar de permanecerem com o mercado de trabalho forte, a maioria dos países emergentes registraram alguma convergência na inflação de serviços, diferente do que ocorre nas economias avançadas.

A dinâmica do mercado de trabalho, afirmou, gera preocupações sobre a inflação de serviços. “Nos preocupamos se isso irá se traduzir em inflação nos serviços ou se explica porque a inflação de serviços ainda está acima da meta na maioria dos lugares”, disse, em webinar promovido pela Constellation Asset Management.

Para Campos Neto, Brasil precisa sinalizar sustentabilidade para a sua trajetória de dívida Foto: GABRIELA BILO

Campos Neto acrescentou que ainda há uma preocupação sobre de onde virá a desinflação nos Estados Unidos. “Estamos vendo uma desaceleração agora na margem na indústria, mas ainda assim, os números são fortes. No mercado de trabalho, ainda vemos números fortes em serviços.”

Inflação

Campos Neto, afirmou também que, embora a inflação de energia e alimentos esteja convergindo na maioria dos lugares, os índices de preços de alimentos estão um pouco mais altos globalmente.

”Isso não está acontecendo apenas no Brasil, estamos olhando para outros países e está acontecendo o mesmo”, disse o banqueiro central, que destacou que o movimento coincide com dados que indicam o aumento de anomalias em termos de temperatura no planeta nos anos recentes, com destaque para 2023 e 2024.

Política fiscal

Ele repetiu que a política fiscal é absorvida pela autoridade monetária apenas na medida em que tem impacto em variáveis econômicas que influenciam a sua função-reação.

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“Não é trabalho do BC tratar disso”, afirmou ele. “O importante para nós não é o fiscal em si, é o que o fiscal significa para as variáveis macroeconômicas que afetam a nossa função-reação.”

Campos Neto acrescentou que as expectativas fiscais do mercado - por exemplo, para o déficit primário - não têm piorado. No entanto, levantamentos qualitativos, como o Questionário Pré-Copom, mostram uma piora da percepção. Para ele, isso significa que o Brasil precisa sinalizar sustentabilidade para a sua trajetória de dívida.

O presidente do BC acrescentou que o fiscal está negativo no mundo inteiro e lembrou que o Brasil aprovou um novo arcabouço. “O que o mercado está questionando é a capacidade do governo de cumprir o arcabouço”, disse.

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