São Paulo e Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 17, que o aperto dos juros, atualmente na casa do 13,75% ao ano, começa a dar resultados. “A inflação no Brasil começou a diminuir relativamente mais cedo em comparação a outros países em desenvolvimento”, disse Campos Neto, na abertura da conferência anual do BC.
“No segundo semestre de 2022, o principal fator da redução da inflação foram os cortes de impostos implementados sobre combustíveis, eletricidade e serviços de telecomunicações, mas a diminuição da inflação também se deve ao ciclo de aperto da política monetária”, acrescentou, citando a desaceleração dos índices de preços no período.
Segundo ele, o processo de queda da inflação deve continuar, mas não de forma linear, já que os núcleos de inflação (que expurgam dos preços fatores extraordinários) estão mais resilientes, por conta do espalhamento da alta de preços entre setores e pressões de componentes como os serviços.
Campos Neto voltou também a defender o regime de metas de inflação, que, segundo ele, tem contribuído para ancorar as expectativas do comportamento dos preços. Em meio ao debate sobre mudança nas metas, como forma de abrir espaço para a queda de juros, o presidente do BC sustentou que a credibilidade do regime de metas está justamente em sua estabilidade, assim como no fato de que ele não se altera em função da conjuntura econômica ou do ciclo de política monetária.
“O regime de metas em nosso País tem sido bem-sucedido. O regime tem se mostrado um arcabouço estável e sólido, que atende às diferentes fases da conjuntura econômica e contribui para a ancoragem das expectativas (de inflação)”, disse.
De acorde com Campos Neto, a desancoragem das expectativas está em parte relacionada aos questionamentos sobre a mudança nas metas, além de incertezas da política econômica no Brasil, em especial no quadro fiscal.
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Segundo o presidente do BC, decisões que elevem a confiança nas metas de inflação contribuem a um processo desinflacionário mais célere e menos custoso. Sobre o novo arcabouço fiscal, disse que as novas regras para as contas públicas podem “eventualmente” ajudar a reancorar as expectativas, assim como evitam cenários mais extremos à trajetória da dívida pública.
No entanto, Campos Neto reiterou não haver relação mecânica entre política monetária e a apresentação do arcabouço fiscal. Também destacou que a velocidade de desinflação tende a ser mais lenta nesse momento, sendo que o combate à inflação continua sendo um grande desafio para os bancos centrais.
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