BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 30, que a valorização das ações ligadas à tecnologia — as big techs — nos Estados Unidos é cercada de questionamentos, e um deles é que manter o crescimento exponencial de empresas de inteligência artificial exige uma energia que ainda não está disponível.
“Quem for visitar um dia a OpenAI, olhar o ChatGPT 5 e o que eles estão fazendo... não tem nem de perto a energia suficiente que precisa para continuar com esse crescimento do jeito que está sendo projetado nas ações”, disse o presidente do BC, em evento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), em São Paulo.
Outro questionamento, afirmou Campos Neto, é se o mercado está precificando um crescimento muito agressivo nas ações. Ele comentou que, nesta sexta-feira, 30, as ações da Nvidia caíram fortemente, mesmo após a divulgação de um balanço melhor do que era esperado.
A empresa é uma das gigantes de tecnologia conhecidas como “Magnificent Seven” (“as sete magníficas”, em tradução livre), ao lado de Amazon, Apple, Alphabet (dona do Google), Microsoft, Meta e Tesla. No início de agosto, esse grupo teve desvalorizações acentuadas nos EUA e agravou perdas em bolsas do mundo todo, em um dia de pânico para o mercado de ações. No dia 5 de agosto, a perda de valor de mercado foi de quase US$ 1 trilhão (US$ 900 bilhões), comparável à metade do PIB do Brasil.
O conjunto de empresas passou a maior parte de 2024 surfando em uma onda de prosperidade e ganhos, batendo recordes nos valores de mercado e fechando negócios bilionários, em grande parte devido ao frenesi em torno da tecnologia de inteligência artificial (IA).
Mas isso mudou no mês passado, quando investidores começaram a se preocupar com uma elevação exagerada dos seus preços. A alta fez com que as expectativas de ganhos de lucros se tornassem muito difíceis de serem atendidas, principalmente no que diz respeito à IA.
