O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, considerar sua figura “irrelevante” para as decisões da instituições e que, se saísse da presidência do BC as decisões “não mudariam muito”. Ele também negou pretensões de seguir a vida política após o fim de seu mandato, em dezembro de 2024, e que pretende voltar para o setor privado.
“Hoje, a gente tem um grupo de diretores que é bastante próximo na forma de pensar. E temos um arcabouço onde as decisões são técnicas. A gente não chega e fala: ‘Hoje vai fazer isso, vai fazer aquilo’. A gente tem um sistema de metas de inflação, e pode ser questionado na lei. A gente entende que é o melhor sistema”, afirmou.
Segundo ele, o sistema de metas de inflação e as variáveis e os modelos usados fazem com que o banco não dependa de sua pessoa. “Eu devo meu trabalho a todo mundo que se esforçou pela autonomia e, de novo, Roberto Campos como figura, sou irrelevante nesses processos. É um processo de melhorar a instituição do Banco Central”, disse.
Campos Neto voltou a dizer que considera importante o BC trabalhar junto do governo e afirmou que gostaria de ter “mais tempo para explicar a agenda do Banco Central, principalmente a agenda social”. “O ambiente colaborativo é o melhor ambiente para a sociedade e para o Brasil”, defendeu.
Ele disse ainda ter tido uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 30 e que gostaria de ter outra reuniões pra explicar qual é a razão para temos juros altos. “A parte social tem muita coisa que a gente ainda pode desenvolver. Eu acho que o Banco Central tem aí um instrumento que é a digitalização. A digitalização é o maior instrumento de democratização da era moderna. E a gente tem feito isso com um custo relativamente baixo.”
O dirigente do BC disse estar sempre disponível para conversar não só com o presidente Lula mas com todos os ministros do governo. “Eu marquei reunião com vários ministros, quero explicar a agenda do Banco Central, quero trabalhar em harmonia”, afirmou.
Ao ser questionado se pretendia se lançar na política, Campos Neto disse ter a intenção de voltar para a iniciativa privada após seu mandato. “Eu tenho um relacionamento bom com vários políticos. O (Gilberto) Kassab é um politico pelo qual eu tenho maior respeito, tenho conversas com ele. Mas não existe nenhum plano em nenhum momento em ir para a política. Não acho que eu tenha o dom para isso. E a minha vontade hoje é depois de sair do Banco Central voltar para o mundo privado”, disse.
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