O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 13, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que nunca houve tanto foco em cada palavra do Comitê de Política Monetária (Copom) como agora. O órgão é responsável pela definição da Selic, a taxa básica de juros da economia. “E, inclusive, que cada palavra é uma mensagem política. Nada é uma mensagem política. É meramente uma linguagem técnica”, disse.
Campos Neto negou que as comunicações do banco que citam risco fiscal considerem o governo do PT “mais gastador” do que o governo anterior. “A dificuldade de controlar despesas está nos diversos governos. Em nenhum momento existe uma opinião de o governo do PT ser mais gastador, de que o governo do PT vai ter indisciplina. Não, não existe isso”, afirmou.
Ao ser questionado sobre uma possível “harmonização” entre a política monetária e a fiscal, o dirigente do BC disse concordar 100% com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Mesmo porque, se a gente não tem harmonização, se de um lado você está estimulado (a economia) e, de outro, freando, você tem um processo que gera alguma ineficiência”, afirmou.
Campos Neto afirmou ainda que entende que a política fiscal do governo não pode ser “muito expansionista” acompanhada de uma política monetária do BC “muito restritiva”. “(Harmonização) é ter uma conversa entre o que você faz na política monetária e o que você faz na política fiscal. (...) Obviamente, você tem que atender essa parte social. Tem uma escolha de gastos. É um tema fiscal que não é do Banco Central. E a gente tem uma parte monetária que é, se agente tem uma parte fiscal mais enquadrada, na parte monetária o trabalho é mais fácil de ser feito”, disse.
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O presidente do BC afirmou ainda que a reoneração de combustíveis melhora tanto a parte fiscal quanto a política monetária. “Quando a gente tem uma reoneração, a gente tem um impacto na inflação no curto prazo, que geralmente não está no horizonte relevante. E, se a reoneração melhora o fiscal para frente, ela carrega um efeito benéfico para frente. Provavelmente, o que a gente fez foi descrever um movimento de inflação corrente e aí como tem um parte do comunicado que é descritiva, se eu tenho uma medida que aumenta inflação corrente, eu descrevo ‘olha, tem aqui uma medida que vai aumentar a inflação corrente’, mas de nenhuma forma nos entendemos que isso é ruim para o horizonte de inflação de longo prazo”, afirmou.
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