O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 13, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que irá ao Congresso explicar as decisões da instituição sobre a taxa de juros quantas vezes for necessário. O diretório nacional do PT aprovou nesta segunda uma orientação para que ele seja chamado pelas bancadas do partido para explicar a política monetária adotada pelo órgão.
“É o meu trabalho”, respondeu ao ser questionado se falaria aos congressistas se fosse convocado. “Eu acho que minha função é explicar, eu acho que esse debate de juros é muito válido. Eu vou explicar quantas vezes for necessário. É importante falar sobre o tema de juros. O juro no Brasil é alto? É alto, e essa é uma questão legítima para a sociedade. Estou disposto a explicar quantas vezes forem necessárias”, afirmou.
Durante a entrevista, ele afirmou que, se o governo conseguir passar uma mensagem de tranquilidade e mostrar que há avanços em diversos pontos, o BC poderá encurtar o horizonte de cortes de juros. Se a gente voltar para novembro, o mercado chegou a precificar, chegou a estar esperando corte de juros entre março e maio. Isso, em novembro. É claramente possível, se a gente conseguir passar uma mensagem de tranquilidade de que se está avançando em diversos pontos, eu acho que pode. A gente precisa ver, tem outras várias variáveis que entram ao mesmo tempo. Tem uma variável China, Estados Unidos…”, disse.
Americanas e o risco de crédito
Campos Neto também comentou a crise na Americanas, que entrou em recuperação judicial após a descoberta de um rombo bilionário em suas contas. Segundo ele, o BC está monitorando os reflexos do problema na varejista sobre o crédito.
Leia também
“Quando um banco descobre um buraco desse tamanho, a primeira reação é ir no departamento de crédito e revisar todas as nossas normas, revisar toda a nossa forma de estratégia. Isso, de fato está acontecendo”, afirmou.
O dirigente do Banco Central disse ter se reunido com CEOs de bancos para discutir o caso e que ouviu que a opinião entre eles é que não “afeta a forma como a gente vê o crédito”. “Mas, de fato, nesse curto prazo, você tem um soluço aí.”